"Não cai ninguém. Se caírem 5, caem 50", ameaça fiscal

Em São Paulo

Pressionado pela investigação do MP, o auditor Luis Alexandre Magalhães ameaçou seu antigo chefe Ronilson Bezerra Rodrigues e fez questão de mandar um recado para os outros envolvidos no caso. "Não vai cair ninguém. Se cair cinco, vão cair 50. Eu tenho anotado, eu tenho transtorno obsessivo compulsivo. Eu anoto todos os acertos desde 2002."

Magalhães gravou a conversa que manteve com Rodrigues e com o colega Carlos Alberto Di Lallo em um restaurante. Os três conversam por 1h20. Contam que, depois que foram afastados, o suposto esquema de fraude do ISS e do IPTU teria prosseguido. Lallo relata que foi informado que o "negócio ia continuar, mais discreto".

Magalhães exige que se esqueça o que fizeram no passado e diz estar disposto a parar de fazer negócio, pois "já ganhou muito dinheiro". Também exige que não mexam em seu patrimônio nem com nenhum dos integrantes de sua antiga equipe. Rodrigues tenta tranquilizá-lo. "Todo mundo ganhou dinheiro. Por que todo mundo ganhou dinheiro? Porque eu estava como subsecretário."

Magalhães responde ao ex-chefe. "Vocês me pediram uma garrafa de Coca-Cola e eu entreguei um caminhão." E completa: "Ninguém vai mexer em meu patrimônio, que ser bandido também é difícil". Em seguida, Magalhães ameaça entregar todo mundo e revela como pretendia agir se fosse pressionado: "Digo: Quer que eu comece por ordem alfabética?"

Com medo de ser abandonado pelos amigos e se tornar bode expiatório, Magalhães pede que Rodrigues mande um recado ao atual subsecretário de Finanças de Prefeitura, Douglas Amato. "É bom ele ficar atento com as informações para todo mundo sair bonitinho dessa história." E concluiu: "Eu sei que você tem de ter certeza de que vai todo mundo junto. Não vou pagar essa conta sozinho".

O auditor não foi o único a ameaçar Rodrigues. Lallo, também envolvido no esquema, diz que vai fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público - depois da prisão do grupo, no dia 30 de outubro, só Magalhães toparia o acordo proposto pelos promotores do Grupo Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (Gedec). Depois disso, outros seis auditores foram citados na investigação do MP, além dos vereadores Aurélio Miguel (PR) e Antonio Donato (PT). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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