Os becos e vielas do Complexo da Maré, na zona norte do Rio, que deve ser ocupada a partir da madrugada deste sábado (5), pelas Forças Armadas, deverão ter a patrulha por cerca de 850 militares por turno. O efetivo nas ruas será quase 200% maior que os 300 policiais militares que atuavam por dia na região desde o último domingo.
Isso porque a escala de trabalho das tropas federais é diferente da PM. E o número pode aumentar rapidamente, visto que outros 850 homens estarão permanentemente de prontidão para agir em caso de necessidade. No total, serão empregados 2.050 militares do Exército, 450 da Marinha e 200 policiais militares.
As tropas estão reunidas no antigo 4º Batalhão de Infantaria Blindada (atual sede do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio, na Maré), e também no quartel do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), na Avenida Brasil, onde será montada a base da Força de Pacificação da Maré.
No fim da manhã de sábado (5), está prevista a realização de uma solenidade para simbolizar a troca do comando da ocupação entre a PM e as Forças Armadas.
A cerimônia será na Vila do Pinheiro, onde no último domingo foram hasteadas as bandeiras do Brasil e do Estado do Rio, e onde foi montada a base do Batalhão de Choque da PM. Das 15 favelas da Maré onde vigiará a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que confere poder de polícia às Forças Armadas, a Marinha deve atuar nas cinco localizadas à direita da pista sentido Ilha do Fundão da Linha Amarela: Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Conjunto Novo Pinheiros (Salsa e Merengue), Vila do João e Conjunto Esperança.
Com mais efetivo, o Exército ficará responsável pelo patrulhamento nas dez comunidades restantes, numa área bem maior.
Balanço
O balanço da operação de ocupação do Complexo da Maré, exercido pelas forças de segurança desde o dia 21 de março, em preparação à Operação São Francisco das Forças Armadas, resultou na prisão de 162 pessoas e na apreensão de 101 armas, além de 2.252 munições e de grande quantidade de drogas.
Os dados foram divulgados na noite desta sexta-feira (4) pela Secretaria de Estado de Segurança. Segundo o relatório, houve 36 confrontos entre a Polícia Militar e criminosos, resultando na morte de 16 suspeitos e no ferimento de oito. As forças de segurança estadual e federal ocuparam em cerca de 15 minutos o Complexo da Maré no dia 30 de março, com um efetivo superior a 1.500 homens, sendo 1.180 policiais militares e 130 policiais civis, com apoio de policiais federais, policiais rodoviários e de 250 fuzileiros navais.
Nesta sexta-feira (4), na localidade conhecida como Salsa e Merengue, policiais do Batalhão de Operações com Cães (BAC) encontraram 24 quilos de maconha prensada e uma granada com a ajuda de um cão.
No Conjunto Boa Esperança, policiais do serviço reservado do Batalhão de Choque encontraram uma pistola 9mm e 62 munições. Em outra ação do grupo, foram apreendidos 17 tabletes de maconha hidropônica, cultivada em laboratório e mais forte que a variedade comum. Ambos os casos foram resultado de informações passadas por meio de denúncias. As apreensões foram apresentadas na 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso), responsável pela área e que terá um posto avançado dentro da Maré para apoiar a operação das Forças Armadas.
Policiais militares prenderam dois irmãos na comunidade da Baixa do Sapateiro. Os dois foram levados para a 21ª DP, mas nada apareceu no sistema policial contra eles. O delegado adjunto Fabrício Costa acompanhou o caso e liberou os jovens, que haviam sido presos por PMs dentro de casa, sem a ocorrência de flagrante nem mandado judicial. Os pais dos dois jovens ficaram desesperados e procuraram a base de comando do Batalhão de Choque, na Vila do Pinheiro, onde foram atendidos por um integrante da Corregedoria de Polícia, que os acompanhou até o 22º BPM e depois até a 21ª DP.
"A gente não tem dinheiro para contratar advogado. Eles entram na casa da gente quando querem. Pensei logo no [caso] Amarildo. Tiraram ele de casa e não voltou mais", desabafou o pai de um dos jovens, Alexandre Costa, que trabalha como ajudante de caminhão e disse que os filhos não têm envolvimento com o crime.
(Com informações da Agência Brasil)
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