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Exército terá 850 homens por turno patrulhando a Maré

Policiais do BAC (Batalhão de Ações com Cães) da Polícia Militar do Rio de Janeiro realizam patrulha de reconhecimento no Complexo de favelas da Maré, na zona norte da capital - Guilherme Pinto/Agência O Globo
Policiais do BAC (Batalhão de Ações com Cães) da Polícia Militar do Rio de Janeiro realizam patrulha de reconhecimento no Complexo de favelas da Maré, na zona norte da capital Imagem: Guilherme Pinto/Agência O Globo

04/04/2014 18h49

Os becos e vielas do Complexo da Maré, na zona norte do Rio, que deve ser ocupada a partir da madrugada deste sábado (5), pelas Forças Armadas, deverão ter a patrulha por cerca de 850 militares por turno. O efetivo nas ruas será quase 200% maior que os 300 policiais militares que atuavam por dia na região desde o último domingo.

Isso porque a escala de trabalho das tropas federais é diferente da PM. E o número pode aumentar rapidamente, visto que outros 850 homens estarão permanentemente de prontidão para agir em caso de necessidade. No total, serão empregados 2.050 militares do Exército, 450 da Marinha e 200 policiais militares.  

As tropas estão reunidas no antigo 4º Batalhão de Infantaria Blindada (atual sede do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio, na Maré), e também no quartel do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), na Avenida Brasil, onde será montada a base da Força de Pacificação da Maré.

No fim da manhã de sábado (5), está prevista a realização de uma solenidade para simbolizar a troca do comando da ocupação entre a PM e as Forças Armadas.

A cerimônia será na Vila do Pinheiro, onde no último domingo foram hasteadas as bandeiras do Brasil e do Estado do Rio, e onde foi montada a base do Batalhão de Choque da PM. Das 15 favelas da Maré onde vigiará a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que confere poder de polícia às Forças Armadas, a Marinha deve atuar nas cinco localizadas à direita da pista sentido Ilha do Fundão da Linha Amarela: Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Conjunto Novo Pinheiros (Salsa e Merengue), Vila do João e Conjunto Esperança.

Com mais efetivo, o Exército ficará responsável pelo patrulhamento nas dez comunidades restantes, numa área bem maior.

Balanço
 
O balanço da operação de ocupação do Complexo da Maré, exercido pelas forças de segurança desde o dia 21 de março, em preparação à Operação São Francisco das Forças Armadas, resultou na prisão de 162 pessoas e na apreensão de 101 armas, além de 2.252 munições e de grande quantidade de drogas.
 
Os dados foram divulgados na noite desta sexta-feira (4) pela Secretaria de Estado de Segurança. Segundo o relatório, houve 36 confrontos entre a Polícia Militar e criminosos, resultando na morte de 16 suspeitos e no ferimento de oito. As forças de segurança estadual e federal ocuparam em cerca de 15 minutos o Complexo da Maré no dia 30 de março, com um efetivo superior a 1.500 homens, sendo 1.180 policiais militares e 130 policiais civis, com apoio de policiais federais, policiais rodoviários e de 250 fuzileiros navais.
 
Nesta sexta-feira (4), na localidade conhecida como Salsa e Merengue, policiais do Batalhão de Operações com Cães (BAC) encontraram 24 quilos de maconha prensada e uma granada com a ajuda de um cão.
 
No Conjunto Boa Esperança, policiais do serviço reservado do Batalhão de Choque encontraram uma pistola 9mm e 62 munições. Em outra ação do grupo, foram apreendidos 17 tabletes de maconha hidropônica, cultivada em laboratório e mais forte que a variedade comum. Ambos os casos foram resultado de informações passadas por meio de denúncias. As apreensões foram apresentadas na 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso), responsável pela área e que terá um posto avançado dentro da Maré para apoiar a operação das Forças Armadas.
 
Policiais militares prenderam dois irmãos na comunidade da Baixa do Sapateiro. Os dois foram levados para a 21ª DP, mas nada apareceu no sistema policial contra eles. O delegado adjunto Fabrício Costa acompanhou o caso e liberou os jovens, que haviam sido presos por PMs dentro de casa, sem a ocorrência de flagrante nem mandado judicial. Os pais dos dois jovens ficaram desesperados e procuraram a base de comando do Batalhão de Choque, na Vila do Pinheiro, onde foram atendidos por um integrante da Corregedoria de Polícia, que os acompanhou até o 22º BPM e depois até a 21ª DP.
 
"A gente não tem dinheiro para contratar advogado. Eles entram na casa da gente quando querem. Pensei logo no [caso] Amarildo. Tiraram ele de casa e não voltou mais", desabafou o pai de um dos jovens, Alexandre Costa, que trabalha como ajudante de caminhão e disse que os filhos não têm envolvimento com o crime.
 
(Com informações da Agência Brasil)