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Bumlai admite que levou empresário até Lula, mas nega ter usado nome de ex-presidente

O pecuarista José Carlos Bumlai, em foto de 2010 - Eurides Aok - 16.mai.10/Correio do Estado
O pecuarista José Carlos Bumlai, em foto de 2010 Imagem: Eurides Aok - 16.mai.10/Correio do Estado

De São Paulo

25/10/2015 11h05

O pecuarista José Carlos Bumlai, citado na delação de Fernando Soares, o Fernando Baiano, na Lava Jato confirmou, em entrevista exclusiva ao "Estado de São Paulo", diversos pontos do depoimento do lobista apontado como operador de propinas do esquema de desvios na Petrobras, mas negou ter utilizado o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante as negociações.

De acordo com Bumlai, Baiano pediu a ele que levasse o empresário João Carlos Ferraz, no primeiro semestre de 2011, a uma audiência com Lula, de quem o pecuarista é amigo de longa data. Naquela ocasião, Ferraz era presidente da Sete Brasil, empresa que negociava contratos bilionários com a Petrobras para compra de navios-sonda.

Em sua delação ao Ministério Público Federal, Baiano disse ter recorrido a Bumlai em busca de um "peso maior" e de uma "providência mais incisiva" para concretizar a negociação que envolvia, além da Sete Brasil, a OSX, empresa naval do grupo X, de Eike Batista. Em troca, Bumlai receberia uma "comissão" a ser paga por Baiano. "Eu levei o Ferraz lá no Instituto, apresentei o Ferraz. Ele não conhecia o presidente. Eu fiquei olhando um livro do Corinthians e saí." O negócio acabou não se concretizando, mas Bumlai recebeu dinheiro do lobista.

Na delação, Baiano afirmou que, ao pedir a antecipação de sua parte, Bumlai alegou que precisava quitar dívida imobiliária de uma nora de Lula. O ex-presidente tem quatro noras. "Não paguei conta de nora de Lula, apartamento, nada a ver. Não tenho nada a ver com isso. Não tenho", afirma Bumlai, que conta detalhes de sua relação de amizade com Lula, a quem chama de "presidente", e diz que aceitaria participar de uma acareação com Baiano, que está preso em Curitiba (PR) em decorrência da Operação Lava Jato.

O pecuarista também salientou que a proximidade com Lula não é tão forte quanto é dito na imprensa. "Abro o jornal e tem lá o crachá, que eu teria acesso irrestrito ao Palácio com todas as portas abertas, a hora que eu quisesse. Durante os oito anos que o presidente Lula esteve no Palácio do Planalto eu fui duas vezes no gabinete dele", afirmou. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".