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Bebianno diz que dará "satisfações" se sentir vontade após possível saída

Julia Lindner e Anne Warth, com colaboração de Vera Rosa

Brasília

17/02/2019 08h06

O ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, disse ontem que "quando acabar" sua participação no governo, "se sentir vontade", vai "dar satisfações". A frase foi dita em resposta ao ser questionado sobre seu desafeto, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.

O ministro, que deve ser demitido amanhã, passou o dia num hotel de Brasília. Bebianno não recebeu visitas ao longo do dia, mas, em conversas com pessoas próximas, deixou clara a frustração e a mágoa com Carlos Bolsonaro. O ministro considerou uma covardia o fato de Jair Bolsonaro não ter tido coragem para demiti-lo e considerou inaceitável assumir um cargo em Itaipu, apesar do salário três vezes maior - pouco mais de R$ 1 milhão por ano.

A amigos disse que não veio para o governo para ganhar dinheiro e que será leal até o último minuto em que permanecer ministro. Pela lei, ele também não poderia assumir o cargo.

Nas conversas, Bebianno tem avisado que não cai sozinho, pois tanto a ala política, quanto a ala militar do governo, estão decididas a afastar Carlos Bolsonaro da Presidência. Nos últimos dias, o vereador tem sido mais comedido nas redes sociais, compartilhando mensagens institucionais do governo e assuntos do Rio, como a venda da bebida em blocos de carnaval.

O ministro soube de parte das informações sobre sua demissão pela imprensa, na noite de anteontem, o que o deixou chateado. Na madrugada de ontem, publicou nas redes sociais um texto sobre lealdade e amizade. A jornalistas, afirmou que compartilhou porque "teve vontade" e que foi algo "conceitual".

Postagem de Gustavo Bebianno no Instragram - Reprodução - Reprodução
Postagem de Gustavo Bebianno no Instragram
Imagem: Reprodução
Também na fala à imprensa questionou o tratamento "diferenciado" em relação ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. No início do mês, Álvaro Antônio também foi alvo de suspeitas sobre o uso de candidaturas laranjas em Minas Gerais em 2018. Na época, o ministro do Turismo era presidente do Diretório Estadual. Ele foi mantido no cargo.

"Minha consciência está tranquila. Trata-se de bom senso, trata-se da lei, trata-se do estatuto do partido. Tanto é assim que, no caso do Marcelo Álvaro Antônio, por que eu não sou culpado, então?", questionou, pois, segundo ele, os dois casos são semelhantes e só em um o culpam. Álvaro Antônio era presidente do PSL em Minas, no ano passado. No caso de Pernambuco, o presidente do diretório era o hoje deputado Luciano Bivar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.