Homem que espancou empresária não tem distúrbios psiquiátricos, apontam exames
O estagiário de Direito Vinicius Batista da Serra, de 27 anos, que espancou a paisagista Elaine Peres Caparróz, de 55 anos, teve alta no início da tarde de hoje (27) do Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros, onde estava internado. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), não foram constatados distúrbios psicológicos e, por isso, ele será transferido para uma unidade prisional comum.
"O interno ficou acautelado na unidade prisional em observação médica, onde, após última avaliação psiquiátrica, foi constatada estabilidade no quadro médico. Além disso, após resultados dos exames feitos durante a internação, não houve alteração do quadro clínico psicopatológico", informou a Seap em nota.
O Ministério Público do Estado do Rio divulgou ontem que Serra não só teve a intenção de matar Caparróz como, de fato, acreditava que ela estava morta quando deixou seu apartamento. Por isso, o MP pediu a condenação do agressor por tentativa de homicídio qualificado, com penas de prisão que vão de 12 a 30 anos.
Segundo o MP, o denunciado, "consciente e voluntariamente e com a intenção de matar, espancou violentamente a vítima, causando-lhe lesões corporais graves". Ainda de acordo com o MP, Serra deixou a casa de Elaine na manhã do sábado (16) acreditando que havia matado a paisagista.
"De acordo com a denúncia, o crime não ocorreu por circunstâncias alheias à vontade de Serra, que deixou a residência de Elaine acreditando que havia matado a vítima", sustentou o MP. Além disso, apontou um agravante: "A tentativa de homicídio foi praticada de forma dissimulada, já que o denunciado marcou um encontro prévio com a agredida, ocultando sua intenção de matar."
Em postagem em uma rede social, a própria Elaine confirmou a intenção de Serra: "Fui agredida por várias horas seguidas, o que demonstra intensa crueldade e a intenção dele de matar. Só não o fez porque eu obtive socorro, ou seja, por uma circunstância que não dependeu da vontade dele! Apesar dos meus gritos de socorro, ele não titubeou e prosseguiu com o espancamento".
Para o MP, a forma como o crime foi praticado, "com múltiplos golpes desferidos, além da longa duração das agressões, também demonstra a crueldade do ato, executado por razões da condição de sexo feminino e em evidente menosprezo à condição da mulher, o que caracteriza o feminicídio".
Os procuradores pedem que Serra seja condenado por tentativa de homicídio qualificado. Além disso, informaram, ele deve ser condenado também ao pagamento de indenização por danos materiais e morais causados à vítima.
Serra e Elaine se conheceram por meio de uma rede social e durante oito meses conversaram virtualmente. No último dia 16, marcaram o primeiro encontro, na casa dela, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. De acordo com depoimento de Elaine à polícia, eles tomaram vinho, conversaram um pouco e foram dormir. No meio da noite, ela foi acordada e violentamente agredida por Serra ao longo de toda a madrugada.
A paisagista acredita que foi drogada por Serra. A polícia concluiu que ele agiu de forma premeditada desde o momento em que pediu a amizade de Elaine nas redes sociais.
Elaine foi casada com Ryan Gracie, lutador de jiu-jitsu morto em 2007. Ela é mãe de Rayron Gracie, que também é lutador. Nos perfis de Vinícius nas redes sociais, ele é identificado algumas vezes como lutador de jiu-jitsu. Circula a história de que Vinícius teria sido expulso de uma academia da família Gracie e teria agido por vingança. Ele é conhecido no meio pelo temperamento violento e tem um registro policial de agressão ao próprio irmão.
A paisagista lembrou que o Brasil aparece em quinto lugar no ranking mundial de feminicídios, segundo dados de 2015. "Vamos juntas fazer o possível para combater a violência contra a mulher", escreveu ela. "'Nem uma a menos' deve ser a bandeira de toda a sociedade, que precisa agir diante dessas ocorrências".
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