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Para cientista político, com prisões, agenda do governo entra no 'limbo'

Fernanda Nunes

São Paulo

21/03/2019 13h38

A prisão de políticos do MDB - do ex-presidente Michel Temer e ex-ministro Moreira Franco - terá efeito direto na votação de projetos de governo que ultrapassam a Reforma da Previdência, como a privatização da Eletrobras e a discussão da cessão onerosa da Petrobras, avalia o cientista político do Insper Carlos Melo, nesta quinta-feira, 21. A perspectiva é que toda decisão relevante seja paralisada, sem data para sair do "limbo". Tudo vai depender dos desdobramentos dos próximos dias.

Até a próxima semana, pelo menos, o Congresso permanecerá paralisado, diz o especialista, acrescentando que as prisões significam também o fortalecimento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, sob o comando do juiz Marcelo Bretas, em detrimento do braço curitibano da operação.

"A leitura é que, se dois presidentes estão presos, qualquer um pode ser. O sistema político fica apreensivo e retira o foco das reformas. Hoje, discutiriam a Previdência. Mas só vão pensar nas prisões", ressalta Melo. Ele avalia ainda que denúncias recentes envolvendo o PSL, de suposto esquema envolvendo laranjas e milicianos, causam apreensão também em aliados diretos do presidente Jair Bolsonaro.

"Hoje, nada seria votado, porque é quinta-feira. Seria possível avançar com demandas do governo no Congresso na terça-feira, mas tudo vai depender das repercussões na imprensa até domingo e se o STF (Supremo Tribunal Federal) vai conceder habeas corpus ou não. As prisões são boas para a afirmação das instituições democráticas, mas não para quem quer promover reformas", destacou o cientista político.

Melo acredita ainda que a prisão de Temer favorece especialmente o juiz Bretas, que pode assumir a posição de "justiceiro nacional", antes ocupada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.