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Moro: Diretor da PF fica no cargo, mas "coisas eventualmente podem mudar"

Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

São Paulo

28/08/2019 18h24

Em meio às recentes insinuações do presidente Jair Bolsonaro de que poderia trocar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, quebrou o silêncio e afirmou que Maurício Valeixo vai permanecer no cargo e tem a sua confiança. No entanto, disse que "as coisas eventualmente podem mudar". O ministro também afirmou que não é o "chefe da PF".

"Uma questão especulativa, não cabe responder questões especulativas nesse caso. Ele [Maurício Valeixo, diretor-geral da PF] permanece no cargo. Veja... As coisas eventualmente podem mudar, mas ele está no cargo e tem minha confiança. Certamente", disse à GloboNews.

Durante a entrevista, Moro foi perguntado se poderia sair do governo caso Valeixo fosse exonerado. Ele respondeu que essa é uma questão "especulativa" e que, portanto, não poderia ser respondida por ele: "Não tenho essa questão."

A respeito de trocas nos comandos da PF, Bolsonaro havia afirmado que "quem manda" é o presidente da República. A afirmação veio um dia depois de a PF divulgar que o superintendente da corporação em Pernambuco, Carlos Henrique Oliveira Sousa, é quem substituiria o chefe da PF no Rio, Ricardo Saadi.

"O que eu fiquei sabendo... Se ele resolver mudar, vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu... deixar bem claro", afirmou Bolsonaro. "Eu dou liberdade para os ministros todos. Mas quem manda sou eu", reforçou. "Está pré-acertado que seria lá o de Manaus", disse o presidente, sem esclarecer a quem se referia.

Moro reagiu a esta frase dizendo que seria "impróprio" contrariar o chefe do Executivo. "Não cabe ficar comentando afirmações do presidente, acho que seria impróprio. Eu não sou o chefe da Polícia Federal, de forma nenhuma. A única pessoa que eu indiquei na PF foi o diretor Maurício Valeixo", respondeu.

"Dentro de um governo, evidentemente, sempre vai haver divergência, controvérsias. É como a história das abóboras na carruagem: as coisas vão se ajustando. O presidente é o chefe do Executivo", concluiu.

O ministro não quis comentar a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que nesta terça-feira, 27, anulou a condenação dada por ele quando era juiz federal em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato, ao ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, Aldemir Bendine. Moro afirmou que, enquanto ministro, não cabe a ele fazer comentários a respeito de uma decisão do STF.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.