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Moro contra Bolsonaro: generais Heleno, Braga Netto e Ramos vão depor dia 12

5.fev.2020 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em reunião com o então ministro da Justiça, Sergio Moro, e secretários - Marcos Corrêa/PR
5.fev.2020 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em reunião com o então ministro da Justiça, Sergio Moro, e secretários Imagem: Marcos Corrêa/PR

Fausto Macedo e Paulo Roberto Netto

08/05/2020 18h17Atualizada em 08/05/2020 18h47

Os ministros Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) vão depor na próxima terça, 12, no inquérito que investiga as acusações do ex-ministro Sergio Moro de "interferência política" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal.

Os três militares palacianos foram listados por Moro como testemunhas de ameaças proferidas pelo presidente contra o ex-ministro, caso ele não concordasse com a troca da direção-geral da PF.

Segundo Moro relatou à PF, os ministros participaram de duas reuniões em que Bolsonaro pressionou o ex-ministro da Justiça a trocar o comando da Polícia Federal. Uma delas, no dia 22 de abril, foi gravada pelo Planalto —que já apresentou três pedidos ao decano para que reconsidere ordem para entregar as gravações.

Nesta reunião, Bolsonaro teria dito que iria "interferir em todos os ministérios". "O presidente afirmou que iria interferir em todos os ministérios, e quanto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, trocaria o diretor-geral e o próprio ministro da Justiça", relatou Moro.

No dia seguinte, 23 de abril, ao ser informado pelo presidente que Maurício Valeixo seria exonerado do cargo, Moro se encontrou com Braga Netto e Augusto Heleno para informar os motivos pelos quais não aceitaria a substituição e declarou que deixaria o governo falando a verdade sobre a troca.

Os ministros se comprometeram a demover o presidente da ideia e que retornou ao Ministério da Justiça "na esperança da questão ser solucionada". À tarde, após a imprensa noticiar o atrito entre Moro e Bolsonaro e seu ultimato ao governo, o ministro Luiz Eduardo Ramos ligou para saber "se seria possível uma solução intermediária", citando os nomes de Fabiano Bordignon ou Disney Rosseti.

Antes de dar uma resposta definitiva, Moro disse que procuraria Valeixo, que concordou com o nome de seu número dois, Disney Rosseti, para assumir o cargo. Moro então retornou a Ramos, afirmando que essa seria a única mudança e que não concordava com trocas no comando da PF do Rio. O ministro palaciano 'ficou de levar a questão para o presidente' e dar um retorno, que não veio.

Quando a notícia da exoneração de Valeixo foi publicada na noite do dia 23 de abril, Moro questionou Ramos sobre o caso, que alegou não ter informações oficiais. A saída de Valeixo foi confirmada durante a madrugada e Moro disse que sua demissão, então, se tornou 'irreversível'.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.