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Em 15 dias, fogo no Pantanal é quase o dobro do registrado em agosto de 2019

Incêndio no Pantanal está devastando a fazenda São Francisco do Perigara (MT), maior refúgio mundial de araras-azuis - Fabiano Maisonnave/Folhapress
Incêndio no Pantanal está devastando a fazenda São Francisco do Perigara (MT), maior refúgio mundial de araras-azuis Imagem: Fabiano Maisonnave/Folhapress

Giovana Girardi

16/08/2020 19h19Atualizada em 16/08/2020 23h32

As queimadas que atingem intensamente o Pantanal desde julho já alcançaram, em apenas 15 dias, quase o dobro do número de focos registrados em agosto no ano passado. Entre o dia 1º e 15 deste mês, o bioma que se estende pelo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul teve 3.121 focos, ante 1.690 focos observados em todo agosto de 2019.

Ao longo do ano, já foram registrados 7.339 focos, alta de 131% em relação ao registrado nos primeiros oito meses do ano passado.

Agosto de 2019 (assim como praticamente todo o ano passado) já havia sido particularmente quente no Pantanal, com o maior número de focos desde 2012. Em apenas 15 dias, porém, agosto de 2020 já tem o maior número de queimadas desde 2005, quando houve 5.993 focos ao longo do mês, de acordo com dados captados pelo Programa Queimadas, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Aquele foi o maior valor histórico de queimadas para o bioma em um único mês. No ritmo apresentado até agora, agosto deste ano pode passar a ocupar esse lugar.

Fogo no Pantanal - Chico Ferreira/Futura Press/Estadão Conteúdo - Chico Ferreira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Bombeiros tentam controlar fogo em mata na região de Poconé, Pantanal de Mato Grosso
Imagem: Chico Ferreira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Julho de 2020 já teve o maior registro para o período deste que o INPE começou a compilar esses dados, em 1998. Foram 1.684 focos no mês passado. Até então, o maior valor tinha sido também de 2005. Julho daquele ano teve 1.259 focos, uma alta de 34%.

O Pantanal é considerado a maior planície inundável do planeta e mantinha mais de 80% de sua vegetação nativa. A região, que ocupa 1,76% do território brasileiro, abriga grande diversidade de espécies de fauna e flora. A situação está dramática nos dois Estados, com o fogo atingindo áreas de reservas da vida selvagem, como a Estrada Parque Transpantaneira e o Sesc Pantanal.

O governo do Mato Grosso, que é coberto por Floresta Amazônica, Pantanal e Cerrado, estabeleceu uma moratória de queimadas no dia 1º de julho, mas a determinação não está sendo cumprida. Também há uma determinação do governo federal neste sentido para todo o País. Na semana passada, a capital Cuiabá amanheceu vários dias coberta de fumaça.

De acordo com levamento do Instituto Centro de Vida (ICV), nos primeiros 10 dias de agosto, foram registrados 1.074 focos de calor na porção mato-grossense do Pantanal, alta de 62% do que foi contabilizado em julho inteiro, com 662 focos. Em relação a todo o mês de agosto do ano passado, que teve 184 focos de calor, a alta é de 484%.

Fogo no Pantanal -  Lalo de Almeida/ Folhapress  -  Lalo de Almeida/ Folhapress
Veado morto em área queimada na Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc Pantanal
Imagem: Lalo de Almeida/ Folhapress