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Bolsonaro: fala de Mandetta sobre 'trezoitão' iria contra profissão de médico

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cumprimentam-se durante a cerimônia de posse do novo ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich, no Palácio do Planalto em Brasília - UESLEI MARCELINO/REUTERS
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cumprimentam-se durante a cerimônia de posse do novo ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich, no Palácio do Planalto em Brasília Imagem: UESLEI MARCELINO/REUTERS

Emilly Behnke

Brasília

19/10/2020 12h31

O presidente Jair Bolsonaro comentou hoje a suposta declaração do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta sobre querer usar um "trezoitão", em referência a uma arma de calibre .38, contra os filhos do chefe do Executivo. Bolsonaro afirmou que, caso a fala fosse verdadeira, Mandetta estaria "negando tudo que ele estudou, inclusive o seu juramento quando se formou". O mandatário destacou que "o trabalho do médico é salvar vidas".

"Vou procurar saber, ouvi dizer isso aí. Quero emprestado o livro de alguém porque eu não vou comprar um livro desse cara, de jeito nenhum. Se for verdade, o cara está negando tudo que ele estudou, inclusive o seu juramento quando se formou. Vontade de atirar em mim, é isso mesmo? Ou nos meus filhos?", disse Bolsonaro nesta manhã a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

A frase atribuída ao ex-ministro, contudo, não consta do seu livro lançado em setembro, mas estaria no livro de Ugo Braga, ex-diretor de Comunicação do Ministério da Saúde que atuou na gestão de Mandetta. As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

No livro de Braga, que deve ser lançado em 10 de novembro, Mandetta teria dito que "o presidente é bom, é bem-intencionado. O problema são aqueles filhos dele, que ficam o dia inteiro xingando nas redes sociais (...) Minha vontade é pegar um trezoitão e cravar neles. Pelo menos passava a minha raiva". A fala teria ocorrido em 15 de abril, um dia antes do então ministro ser exonerado do governo.

Segundo a coluna de Mônica Bergamo da última sexta-feira, 16, o ex-ministro disse que não se lembra da fala e que não estava preocupado com os filhos do presidente durante o enfrentamento da pandemia. Hoje, quando questionado por apoiadores sobre a suposta declaração, o chefe do Executivo ressaltou que não tinha conhecimento do assunto. "Quero deixar claro que não vi o livro, ouvi dizer esse negócio que você perguntou. Eu não acredito que esteja escrito isso lá", acrescentou Bolsonaro.

Mandetta deixou o governo em 16 de abril depois de divergências com o presidente quanto à orientação de isolamento social e ao uso da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19. Nesta segunda-feira, Bolsonaro indicou ainda que "parece que teremos brevemente uma comprovação científica" sobre o remédio.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estudo Solidarity indicou que a hidroxicloroquina e outros três antivirais tiveram pouco ou quase nenhum efeito sobre os tempos de internação ou chances de sobrevivência de pacientes da covid-19. Os resultados da pesquisa, que ainda passarão por revisão, foram disponibilizados no servidor MedRxiv antes de serem publicados em uma revista científica.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.