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Salles demite chefias do Ibama no Amazonas, Bahia, Paraíba e Tocantins

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente - Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

André Borges

Em Brasília

10/04/2021 08h42

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicou na sexta-feira, 9, a exoneração de quatro chefias do Ibama, responsáveis pelas operações do órgão federal nos Estados do Amazonas, Bahia, Paraíba e Tocantins.

O único Estado que teve um novo superintendente nomeado foi Tocantins, onde Luiz Carlos Fernandes assumiu o posto antes ocupado por Flavio Luiz de Souza Vieira.

No Amazonas, foi dispensado do cargo Rezende Guimarães Filho. Na Paraíba, saiu Arthur Martins Marques Navarro. Na Bahia, deixou o cargo Rodrigo Santos Alves. Nos três casos, o pedido de exoneração traz a informação de que a saída foi feita "a pedido" de cada um deles.

A reportagem questionou o ministro sobre a razão de ter publicado a exoneração de todos de uma só vez e quando as superintendências deverão ter um novo chefe, em vez de substitutos temporários. Salles afirmou que as três superintendências com vaga em aberto se devem ao fato de terem acumulado "três análises de currículo no sistema de contratação".

Na Bahia, o superintendente Rodrigo Santos Alves protagonizou desentendimentos com fiscais do Ibama, ao cancelar multas que os agentes haviam dada a um hotel de luxo, pela construção de um muro sobre a areia na Praia do Forte. Alves, que ocupava o cargo no órgão ambiental, é dono de uma imobiliária em Salvador e região, mas afirmou que nunca negociou nenhum empreendimento ligado aos proprietários do hotel.

Salles tem nomeado, desde o início de sua gestão, militares para ocupar cargos no Ibama e no Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), que são vinculados ao Ministério do Meio Ambiente. Um processo de fusão dos dois órgãos, inclusive, tem sido analisado por um grupo de servidores, a maior parte deles de formação militar.

Ibama e ICMBio atravessam, hoje, a pior fase de suas estruturas, em relação a recursos financeiros e número de servidores. O orçamento federal destinado aos órgãos tem sido estrangulado ano após ano, além de o quadro profissional não ser renovado, após sucessivos pedidos de aposentadoria.

Uma das áreas mais afetadas é, justamente, a de fiscalização e combate a incêndios e desmatamento ilegal, cujos números não param de crescer. Em março deste ano, os sistemas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram 368 quilômetros quadrados de área desmatada na Amazônia, ante 327 km verificados em março do ano passado. O volume total de área desmatada desde agosto do ano, mês que dá início a medição anual pelo Inpe, chega a 4.262 km de desmatamento.