Covid-19: Araraquara e mais 59 cidades do interior de SP ampliam restrições
Com alta de casos de covid-19 e hospitais cheios, ao menos 60 cidades do interior de São Paulo — incluindo Araraquara, cujo lockdown em fevereiro foi considerado um exemplo de sucesso na contenção do coronavírus — adotaram medidas mais duras do que as previstas pela gestão João Doria (PSDB).
O estado está na fase de transição do Plano São Paulo (de combate à pandemia), com as atividades comerciais abertas das 6h às 21h. O Comitê de Contingência do Coronavírus, porém, recomendou aos municípios com mais de 90% de ocupação de leitos de UTI que adotem medidas mais rigorosas.
Em alguns dos principais polos regionais do interior, as prefeituras definiram ações conjuntas na tentativa de frear a disseminação do vírus e reduzir a pressão no sistema de saúde. Após Araraquara decretar novo lockdown até domingo, 27, cidades vizinhas também restringiram atividades.
Nesta segunda-feira, 21, Santa Lúcia e Américo Brasiliense fecharam o comércio, permitindo apenas o drive-thru e delivery. Das 20h às 6h vigora o toque de recolher. "Como a gente depende dos hospitais de Araraquara, que estão lotados, a prefeitura decidiu seguir as mesmas medidas para ajudar também o controle (da pandemia) lá", disse o diretor de comunicação de Américo Brasiliense, Vinícius Spolaor.
Somente moradores locais e pessoas que trabalham na cidade passam pelas barreiras sanitárias que voltaram a funcionar nas três principais entradas. As cidades de Nova Europa, Rincão, Gavião Peixoto, Boa Esperança do Sul e Motuca também reduziram as atividades econômicas e estudam restrições de circulação.
Em Campinas, o toque de recolher ampliado entrou em vigor nesta segunda-feira, com o encerramento das atividades econômicas às 19h. A medida vale para comércio de rua, shoppings, galerias, mercados, supermercados e padarias. No período noturno, até as 5h, vigora o toque de recolher.
Desde o início do mês, a ocupação de leitos para covid-19 se mantém acima de 92%. O último boletim apontava ocupação de 94,3% e 32 pacientes com covid-19 à espera de leitos de UTI. A cidade registrou mais 33 mortes pela doença nesta segunda, chegando a 3.587 óbitos.
As prefeituras de Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Itapira e Estiva Gerbi, que dependem da rede hospitalar de Campinas, também endureceram as regras, suspendendo o atendimento presencial no comércio e serviços das 19h às 5h.
A medida só não atinge farmácias, postos de combustíveis, serviços médicos e funerários e indústrias. Igrejas e templos religiosos não podem receber público. A venda de bebidas alcoólicas está proibida. As regras vigoram até 30 de junho, mas podem ser prorrogadas. Outras cidades devem definir medidas mais restritivas a partir desta terça-feira, 22.
Ao menos 14 municípios vizinhos de Garça, na região de Marília, decidiram adotar medidas mais restritivas para reduzir a pressão sobre o sistema de saúde.
"A eficiência das tomadas de decisão no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia está relacionada a medidas regionais. Somente diminuindo a circulação do vírus é possível evitar novas contaminações que irão sobrecarregar os hospitais e nossos profissionais de saúde", disse o prefeito João Carlos dos Santos (DEM). Desta segunda até 5 de julho, as cidades mantêm toque de recolher das 19h às 5h. O consumo de bebidas alcoólicas fica proibido em ruas e espaços públicos.
Na região norte do Estado, onde Franca, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Araraquara já restringiram as medidas mais do que o Plano São Paulo, a prefeitura de Votuporanga decretou toque de recolher a partir desta segunda. As atividades econômicas cessam às 19h e reabrem às 6h.
Apenas o delivery pode atender até as 23h, mas o drive-thru (retirada) não está autorizado, em razão do toque de recolher. As medidas valem até 4 de julho. Outras 16 cidades da região estão endurecendo as regras contra a pandemia.
A população de Barretos também convive, desde sábado, 19, com medidas mais duras para o enfrentamento da covid-19. Supermercados, mercearias, açougues, bares, lanchonetes e padarias só podem funcionar por meio de delivery. A venda de bebidas alcoólicas está proibida. Atividades religiosas presenciais também estão suspensas. As multas vão de R$ 500 a R$ 50 mil.
Outras cidades da região reforçaram o isolamento. A prefeitura de Colômbia decretou lockdown até o dia 27. A circulação de veículos e pessoas, salvo para emergências, está proibida entre 18h e 6h. Também foi adotada a "lei seca", proibindo venda e consumo de bebidas em qualquer horário. Barreiras sanitárias instaladas nos acessos controlam a entrada e saída de pessoas. Os veículos são vistoriados para eventual apreensão de bebidas adquiridas em outras cidades.
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