Bolsonaro: Eu não queria esse orçamento dito secreto; preferia R$ 19 bilhões comigo
Com críticas ao orçamento secreto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a tentar se colocar como uma pessoa contra a medida. Segundo o presidente, ele tentou vetar a ferramenta em 2020, mas foi derrotado pelo parlamento. "Derrubou o veto, eu não posso fazer mais nada, é lei, ponto final." O presidente também disse ser contra a ferramenta, afirmando que preferia que a verba estivesse nas suas mãos.
"Eu não queria esse orçamento dito secreto. Não é secreto porque é publicado no Diário Oficial da União. O que é secreto é o relator que manda o recurso para lá. Eu preferia R$ 19 bilhões comigo, eu não ia abrir mão de poder", afirmou durante a Live.
A primeira tentativa de viabilizar o orçamento secreto foi realmente do Congresso e Bolsonaro a vetou. No entanto, o presidente recuou do próprio veto logo depois e encaminhou para o Congresso o texto que criou o orçamento secreto. O projeto é assinado por Bolsonaro e a exposição de motivos que o justifica leva a assinatura do general Luiz Eduardo Ramos, então ministro da Secretaria de Governo.
Bolsonaro também reconheceu a falta de transparência nas emendas e o desequilíbrio provocado pela medida. "Esse dinheiro, quem é que diz quanto ganha para tal município de Minas ou para outro município? Quem diz é o relator do orçamento. Ele pega os R$ 15 bi, da R$ 200 para você, zero para você. É dele, nós não temos acesso ao nome dos parlamentares que destinam recursos pelo Brasil", disse. Ele também negou que a peça seja "secreta". "Não é secreto porque é publicado no Diário Oficial da União. O que é secreto é o relator que manda o recurso para lá", afirmou.
Bolsonaro comentou ainda a ação da Polícia Federal nesta manhã contra desvio de verbas do orçamento secreto. "Se der um problema na ponta da linha como deu hoje, pelo que eu estou sabendo, vão botar na minha conta", declarou.
Nesta manhã, a PF abriu uma Operação batizada 'Quebra Ossos' contra grupo que teria inserido dados falsos em sistemas do SUS para receber repasses de emendas parlamentares no Maranhão. Duas pessoas foram presas — Roberto Rodrigues de Lima e seu irmão, Renato. É a quarta operação deflagrada neste ano pela Polícia Federal que mira recursos do orçamento secreto, esquema revelado em série de reportagens do Estadão. Antes, a PF também deflagrou operações em Alagoas, no Maranhão e na Codevasf que tiveram como foco o orçamento secreto.
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