Lira diz que desenho de ministérios feito por Lula 'não teve rendimento esperado'
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reconheceu na noite desta segunda-feira (12) que não pode se comprometer com a aprovação da reforma tributária, mas que o Regimento Interno da Casa permite que a votação vá diretamente para o plenário, sem passar por comissões. "Não posso me comprometer com resultado de aprovação de matéria como essa, que está aí há 60 anos", disse.
Em entrevista ao Jornal das 10, da GloboNews, Lira afirmou que terá uma reunião sobre a reforma na quarta-feira, 14, com o relator da proposta na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), e o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, além de líderes partidários, para discutir os prazos de entrega de um "texto pormenorizado".
"Nosso compromisso é tratar com muita firmeza em junho e na primeira semana de julho e trabalhar para alcançar quórum", disse. Segundo Lira, a reforma tributária já cumpriu todos os prazos regimentais e, por isso, pode ser levada diretamente para o plenário.
Haddad na Casa Civil
Arthur Lira confirmou que perguntou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva se haveria a possibilidade de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ir para a Casa Civil no lugar do ministro Rui Costa, e o secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, ser o ministro da Fazenda. Lira admitiu que teve a conversa com Lula há uma semana, mas que o presidente rejeitou a ideia. "A partir daí, conversa sobre ministério cessou", contou Lira.
De acordo com o presidente da Câmara, Haddad continuará no comando da Fazenda e Galípolo, será diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), conforme indicação do governo ao Poder Legislativo.
Ainda assim, Lira defendeu Haddad como articulador político. "Haddad conversa, negocia e é franco nas conversas; isso é articulação", afirmou, na entrevista.
Conforme reportagem do Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, do dia 6, Lira sonha em ter Haddad, com o qual tem bom relacionamento, à frente da Casa Civil e Galípolo seria um nome para comandar a Fazenda.
Diálogo com base do governo
Lira disse que seu "combustível pessoal está terminando com uma base que não se sente base". Ele, no entanto, disse que não fará nenhum tipo de votação que inquiete o País. "O governo tem de se preparar para conviver com quem pensa diferente e dialogar com quem pensa diferente", declarou.
Ele afirmou que o desenho da Esplanada dos Ministérios, feito ainda na transição, não teve o rendimento esperado pelo governo. "No governo atual, o presidente Lula optou por fazer na transição um desenho da sua Esplanada dos ministérios", disse.
"Não há uma linha, um senão, que a Câmara tenha imposto ao governo em matérias essenciais ao Estado", afirmou. Lira ressaltou que a Casa não foi obstáculo para nenhuma votação do Poder Executivo e deu como exemplos as aprovações do arcabouço fiscal e da Medida Provisória (MP) dos Ministérios.
"Eu tenho que olhar para todos os partidos na Câmara. Não estou formando base para mim, não há interesse velado meu a não ser fazer um bom papel para o País", disse.
Lira comparou a relação do governo com MDB, PSD e União Brasil com a do Centrão e rechaçou críticas de que o grupo político faz "toma lá dá cá". "Quando o MDB, PSD e União Brasil ocupam ministérios não é toma lá, da cá e nem troca, mas para continuar no mesmo sistema que o próprio governo criou ou escolheu, passa a fazer moeda de troca (com o Centrão)", disse.
O presidente da Câmara negou ainda que o Centrão queira a vaga da ministra da Saúde, Nísia Trindade. "Gosto da ministra Nísia, sempre tiver o maior carinho", declarou. "Não disputamos nenhum ministério", disse. Lira também afirmou que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e o marido dela, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner Carneiro, mais conhecido como Waguinho, são seus "dois amigos de primeira hora".
Como mostrou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, mais cedo, o PP, partido de Lira, mudou de estratégia para conseguir o comando do Ministério da Saúde. Segundo apurou a reportagem, o partido fez chegar ao governo que poderia apadrinhar um nome "técnico" para a pasta.
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