Conteúdo publicado há 10 meses

CPI do 8/1 tem confusão após proposta de votar requerimentos em bloco

Uma confusão teve início hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques golpistas de 8 de Janeiro, quando parlamentares se reuniam em um canto do plenário para discussões finais sobre quais requerimentos seriam colocados em pauta para votação em bloco, de maneira a aprovar ou rejeitar todos conjuntamente, por acordo entre governistas e bolsonaristas.

O tumulto começou depois que a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) subiu o tom de voz contra o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), a quem acusou de romper acordo feito entre os parlamentares e favorecer interesses de bolsonaristas.

O clima já estava tenso antes mesmo do início da sessão. O Estadão apurou que os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Duda Salabert (PDT-MG) teriam trocado empurrões antes do início oficial da sessão, o que foi negado pela parlamentar.

"Houve uma discussão envolvendo vários parlamentares sobre a pauta da reunião. Eu o deputado estávamos no debate. Mas em momento algum houve troca de agressões verbais ou físicas entre mim e Nikolas", afirmou Salabert no Twitter.

Os governistas alegam que Arthur Maia rompeu acordo ao retirar do bloco de votação requerimentos para solicitar de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua mulher, Michelle.

O presidente da CPMI também foi acusado de romper o acordo entre governistas e opositores, ao aceitar a inclusão no bloco de um requerimento de parlamentares do PL para convocar o fotógrafo Adriano Machado, da Reuters, a prestar depoimento sobre sua cobertura jornalística dos ataques golpistas.

Entre os requerimentos incluídos no bloco de votação, estavam também pedidos para interrogar o hacker Walter Delgatti Neto, preso em operação da Polícia Federal nesta quarta-feira, 2, e o ajudante de ordens Luís Marcos dos Reis, que é suspeito de participar de um esquema ilegal de financiamento às despesas pessoais de Michelle.

Durante o tumulto, o deputado federal André Fernandes (PL-CE) acusou a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), de atuar como advogada do governo.

Com o início da sessão, governistas defenderam que fosse então rompido o acordo caso não fosse excluído do bloco o requerimento sobre Adriano Machado. Maia disse que era contra esse requerimento, mas que não aceitaria, por razões regimentais, separar o requerimento sobre o fotógrafo e disse que não faria a votação em bloco enquanto não existisse acordo entre os partidos sobre a pauta.

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"A pauta só poderia ter sido apreciada por acordo. A pauta deveria ter sido publicada 48 horas atrás. Não foi. Se houver posição contrária, a pauta não poderá ser apreciada", afirmou Maia no começo da sessão.

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  • Na primeira versão deste texto, o Estadão citou a suposta troca de empurrões entre Salabert e Ferreira, negado pela parlamentar.

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