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Brasil negociou para evitar prisão perpétua de Battisti, diz ex-assessor italiano

Battisti foi preso na Bolívia após colaboração de policiais bolivianos e italianos - Polizia di Stato
Battisti foi preso na Bolívia após colaboração de policiais bolivianos e italianos Imagem: Polizia di Stato

13/01/2019 11h46

É possível que Cesare Battisti não cumpra a pena de prisão perpétua caso seja extraditado à Itália. Esta é a avaliação do ex-assessor do Ministério da Justiça da Itália Raffaele Piccirillo.   

"No Brasil, não existe a prisão perpétua, que é vetada pela Constituição. Por isso, a Itália deverá se empenhar em garantir que essa condenação não seja aplicada a Battisti", explicou Piccirillo, que acompanhou o caso Battisti durante o mandato do ministro da Justiça Andrea Orlando (2014-2018).

Ele afirmou que Brasil e Itália negociaram os termos da extradição do italiano há anos para equalizar os sistemas judiciais e penais. "A autoridade que deveria conceder a extradição, ou seja, o Brasil, impôs a condição ligada à prisão perpétua, e o Ministério da Justiça da Itália aceitou", contou o ex-assessor. "Uma vez extraditado, Battisti deverá cumprir uma pena de até 30 anos", afirmou Piccirillo, referindo-se à condenação máxima permitida pela Constituição brasileira. 

O atual ministro da Justiça da Itália, Alfonso Bonafede, disse neste domingo (13) que, assim que aterrissar no país, Battisti deverá ser enviado para o centro de detenção de Rebibbia, próximo a Roma. "Um avião já partiu para buscar Battisti, que será levado à prisão mais próxima do local de aterrissagem", declarou.

O italiano foi condenado na década de 90 à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970, quando era militante do grupo de extrema esquerda PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). 
O italiano fugiu da Justiça italiana e passou anos vivendo na França, no México e no Brasil. Há exatamente um mês, as autoridades brasileiras decretaram novamente sua prisão, e o então presidente Michel Temer autorizou sua extradição (que havia sido negada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva).

Battisti fugiu novamente e foi localizado somente neste sábado (12), em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. A autoridades brasileiras, italianas e bolivianas estudam os próximos passos para a extradição.