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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Líder ortodoxo russo é denunciado por 400 padres ucranianos

10.abr.22 - Membros da igreja ortodoxa ucraniana oram durante seu culto de domingo em Berlim; igreja também usada temporariamente para armazenar ajuda humanitária - FABRIZIO BENSCH/REUTERS
10.abr.22 - Membros da igreja ortodoxa ucraniana oram durante seu culto de domingo em Berlim; igreja também usada temporariamente para armazenar ajuda humanitária Imagem: FABRIZIO BENSCH/REUTERS

14/04/2022 12h15Atualizada em 14/04/2022 12h52

Cerca de 400 padres que fazem parte da Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou assinaram uma petição online denunciando o líder da Igreja Ortodoxa da Rússia, Cirilo, ao Conselho de Primazes das Igrejas Orientais Antigas - o mais alto tribunal ortodoxo mundial.

A iniciativa pede sanções contra o religioso russo por seu apoio à guerra na Ucrânia. Recentemente, ele não hesitou em colocar o nacionalismo acima do desejo de paz expressado por outras lideranças cristãs, como o papa Francisco, que já condenou várias vezes a ofensiva.

De acordo com o jornal "Orthodox Times", os sacerdotes afirmam que Cirilo prega a doutrina do "mundo russo", que se desvia do ensino ortodoxo e deve ser condenado por heresia.

Além disso, os religiosos acusam Cirilo de cometer crimes morais ao abençoar a guerra contra a Ucrânia e apoiar totalmente as ações agressivas das tropas russas em solo ucraniano.

O clero espera que o Conselho dos Primazes considere o seu recurso e tome a decisão correta. "Estamos testemunhando as ações brutais do Exército russo contra o povo ucraniano, aprovadas pelo Patriarca Cirilo. Como sacerdotes da Igreja e como simples cristãos, sempre estivemos e sempre estaremos com nosso povo, com aqueles que sofrem e precisam de ajuda", diz o comunicado.

Os padres ressaltaram que "apoiam totalmente as autoridades estatais ucranianas e as forças armadas em sua luta contra o agressor", além de acreditarem que "as atividades do Patriarca de Moscou representam uma ameaça à ortodoxia ecumênica".

Os autores do texto apelam ainda ao Conselho para "examinar as declarações públicas de Cirilo sobre a guerra contra a Ucrânia, avaliá-las à luz das Sagradas Escrituras e da Sagrada Tradição da Igreja", e privá-lo do direito de manter o trono patriarcal.

"A tragédia que hoje se desenrola na Ucrânia é também o resultado da política seguida pelo Patriarca Cirilo durante seu mandato como chefe da Igreja russa. Obviamente, isso já é um desafio para todo o mundo ortodoxo", afirmou o padre Andriy Pinchuk, que divulgou o texto do apelo e os nomes de seus signatários em sua conta pessoal do Facebook.

Ao mesmo tempo, no mundo ecumênico, intensifica-se a pressão sobre o Conselho Mundial de Igrejas pelo Patriarca de Moscou, até mesmo para expulsar a Igreja Ortodoxa russa do Concílio.

O secretário-geral do Conselho, Ioan Sauca, da Igreja romena, rejeitou a proposta de expulsar a Igreja Ortodoxa Russa, argumentando que isso se desviaria da missão histórica de fortalecer o diálogo universal.