Milhares de imigrantes de etnia muçulmana perseguida ficam à deriva na costa da Tailândia
Milhares de refugiados de uma minoria étnica muçulmana perseguida em Myanmar estão à deriva na costa da Tailândia, de acordo com a agência internacional de migração da ONU.
Segundo a Organização Internacional para Migração (IOM, na sigla em inglês), uma ofensiva tailandesa para reprimir a chegada de imigrantes fez com que muitos traficantes relutassem em desembarcar.
De acordo com o Projeto Arakan, que monitora os movimentos do grupo étnico Rohingya, 8 mil pessoas estão à deriva. O dado não pôde ser verificado pela agência da ONU mas, segundo ela, parecia crível.
Além dos Rohingyas, também há refugiados de Bangladesh no mar.
De acordo com Jeff Labovitz, chefe da missão da IOM para Ásia/Pacífico, o endurecimento da Tailândia em relação aos imigrantes ilegais ocorreu após a descoberta, na semana passada, de restos mortais de pessoas em campos abandonados no sul da Tailândia. Os mortos seriam vítimas do tráfico de pessoas.
Tráfico
Rohingyas que fogem de Myanmar com frequência viajam para a Tailândia de barco ou a pé, pela selva, com traficantes que prometem levá-los para a Malásia e outros lugares.
Algumas vezes, eles são mantidos em campos na selva enquanto os traficantes exigem o pagamento de uma quantia para que continuem a jornada.
Três tailandeses e um cidadão de Myanmar foram presos na Tailândia sob suspeita de tráfico de seres humanos após a descoberta das covas coletivas em campos abandonados.
Além disso, o governo reforçou a repressão aos traficantes. Com medo, os que viajam pelo mar estão segurando seus barcos.
Nos últimos dois dias, mais de 2 mil pessoas chegaram a Malásia ou Indonésia após serem resgatados ou nadarem para a costa.
Mas muitos continuam à deriva.
"Os barcos aparentemente pararam de vir - mas alguns estão a caminho e outros estão esperando para descarregar. Eles costumavam submeter as pessoas a procedimento já em terra para os pagamentos finais, mas agora fazem isso no mar - então mais pessoas estão sendo mantidas no mar. Agora as coisas estão tão quentes que não há para onde essas pessoas irem", disse Labovitz.
Autoridades da Malásia disseram na segunda-feira que 1.018 refugiados de Bangladesh e Rohingyas haviam chegado ilegalmente na ilha de Langkaw, aparentemente abandonadas por traficantes de pessoas que os transportavam para a Tailândia.
Nada para comer
Segundo a agência de notícias Reuters, cerca de 600 imigrantes da etnia foram resgatados por pescadores na costa da Indonésia neste domingo, após serem abandonados por traficantes de pessoas. Eles ficaram à deriva por uma semana e, sem mantimentos, muitos foram internados por desidratação e por terem ficado sem comida. Outras 400 pessoas teriam sido resgatadas na manhã de segunda.
Os imigrantes resgatados na Indonésia no domingo foram levados a um estádio no distrito de Aceh do Norte.
Alguns tiveram que receber atendimento por doença ou porque estavam passando fome.
"Não tínhamos nada para comer", disse Rashid Ahmed, um homem de 43 anos da etnia Rohingya que estava em um dos barcos.
Minoria
Segundo a ONU, os Rohingyas são uma das minorias mais perseguidas do mundo.
Apesar de viverem em Myanmar há gerações, os governo afirma que são novos imigrantes e, por isso, lhes nega cidadania.
A minoria étnica, linguística e religiosa é formada por cerca de 1 milhão de pessoas. Acredita-se que a diáspora criada pela perseguição tenha espalhado outro 1 milhão de Rohingyas pelo mundo.
Em Myanmar, eles são submetidos a trabalho forçado, são proibidos de casar ou viajar sem permissão de autoridades e não podem ter terras ou propriedades.
Eles também vivem na Arábia Saudita, Paquistão e Bangladesh - onde não tem documentos ou perspectivas de trabalho.
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