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Biden eleito: a capa falsa de jornal que campanha de Trump tentou usar para alegar 'erro' da imprensa

A capa reproduzida no tuíte acima é falsa; postagem acabou sendo apagada - Reprodução
A capa reproduzida no tuíte acima é falsa; postagem acabou sendo apagada Imagem: Reprodução

10/11/2020 09h25

O diretor de comunicações da campanha eleitoral de Donald Trump, Tim Murtaugh, publicou no domingo (8) uma falsa capa de jornal dos anos 2000, para alegar que a imprensa errou ao declarar o democrata Al Gore presidente dos EUA - mas o erro nunca aconteceu.

"Saudando a equipe do @TeamTrump (campanha de reeleição do presidente americano) nesta manhã, um lembrete de como a imprensa não determina quem é o presidente", escreveu Murtaugh, postando uma foto de uma falsa capa do jornal conservador The Washington Times com a data de 8 de novembro de 2000 e a manchete "Gore Presidente - Gore na liderança com pequena maioria".

O jornal respondeu também pelo Twitter: "Essas fotos foram adulteradas. O Washington Times nunca publicou uma manchete 'Gore presidente'".

"Acrescentamos também que o senhor Murtaugh foi oficialmente notificado desse erro via e-mail."

Questionado por veículos de imprensa, Murtaugh afirmou que não sabia que a imagem era falsa. Ele então apagou o tuíte, que àquela altura já havia sido compartilhado algumas dezenas de vezes.

A disputa em 2000: Gore x Bush

A eleição presidencial de 2000 foi evocada por ter sido a única até hoje que foi decidida por intervenção judicial - caminho que Trump e sua campanha têm trilhado na tentativa de reverter a vitória de Joe Biden, anunciada no sábado (7/11), quando o candidato democrata alcançou votos o suficiente no colégio eleitoral americano para vencer a eleição e ganhou as manchetes do mundo.

Em 2000, Al Gore disputou a eleição com George W. Bush, e o Estado da Flórida teve um papel central no pleito.

Na noite da eleição, assim como no último 3 de novembro, não era possível ter certeza quem sairia vencedor da disputa, e algumas pesquisas de boca de urna divulgadas pela imprensa mostravam cenários divergentes entre si.

Na Flórida, as previsões iniciais deram vitória a Gore; depois, apontaram Bush na frente.

Relatos da época dão conta de que Gore chegou a telefonar para Bush para reconhecer a vitória do adversário, mas, ao ver que a corrida no Estado ainda permanecia indefinida, retratou a concessão.

Um controverso processo de recontagem durou mais de cinco semanas, até que a Suprema Corte determinou que a recontagem fosse interrompida e que Bush fosse declarado presidente.

"Embora eu discorde fortemente da decisão (da Corte), eu a aceito", declarou Gore, aceitando a derrota no pleito.

Al Gore perdeu a eleição por 537 votos, de um total de mais de 6 milhões de votos no Estado naquele ano.

Ele foi o primeiro presidente desde 1888 a vencer no voto popular (quase 51 milhões de votos, contra 50,4 milhões obtidos por Bush) e perder no colégio eleitoral por uma pequena margem: 266 contra 271.

Donald Trump repetiria o feito contra Hillary Clinton em 2016, quando a democrata ganhou no voto popular e perdeu no colégio eleitoral.