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Donald Trump: o plano dos democratas para tentar afastar o presidente ainda antes do fim do mandato

O democrata James Clyburn, um dos líderes do partido na Câmara dos Deputados, detalhou o plano para processar Trump - Getty Images
O democrata James Clyburn, um dos líderes do partido na Câmara dos Deputados, detalhou o plano para processar Trump Imagem: Getty Images

11/01/2021 09h36

Os democratas no Congresso dos Estados Unidos têm uma acusação formal pronta contra o presidente Donald Trump pelo violento ataque ao Capitólio em 6 de janeiro.

Da Câmara dos Representantes, os legisladores planejam acusar o presidente republicano de "incitamento à insurreição", disse James Clyburn, um dos líderes dos democratas, à rede de notícias CNN.

A votação será colocada em votação já nesta terça-feira (12/1), segundo Clyburn.

No entanto, mesmo que a medida avance na Câmara, a intenção dos democratas não é enviar nenhum artigo de impeachment ao Senado - para abrir um julgamento contra Trump - nos primeiros três meses do governo de Joe Biden.

"Vamos dar ao presidente eleito Biden os 100 dias de que ele precisa para colocar sua agenda em movimento", disse Clyburn.

A medida permitiria ao novo presidente confirmar seu novo gabinete e dar início à sua agenda política, incluindo a luta contra o coronavírus. Tudo isso teria de ser adiado se o Senado recebesse pedidos de impeachment agora, já que esse processo tem prioridade sobre todo o resto.

O novo presidente dos EUA fará seu juramento de posse em 20 de janeiro.

Por enquanto, os democratas e um número crescente de republicanos acusam Trump de encorajar uma insurreição contra o Congresso em 6 de janeiro, que deixou cinco pessoas mortas.

Até agora, nenhum senador republicano declarou apoio a uma ação judicial contra o presidente, mas alguns pediram que ele renunciasse.

"Acho que a melhor coisa para o nosso país seria que o presidente renuncie e saia o mais rápido possível", disse o senador republicano Pat Toomey à TV NBC no domingo. "Reconheço que isso pode não ser provável, mas acho que seria melhor."

Lisa Murkowski, do Alasca, foi a primeira senadora republicana a exortar o presidente a deixar o cargo. Ben Sasse, republicano do Nebraska, disse que consideraria votar a favor de um impeachment caso a Câmara dos Representantes aprovasse o pedido.

Enquanto isso, as autoridades começaram um plano para procurar e prender os manifestantes que invadiram o Capitólio.

A Casa Branca disse que o possível impeachment seria uma medida "com motivação política" que "só serviria para dividir ainda mais nosso grande país".

Biden diz que cabe ao Congresso decidir sobre um impeachment. Mas ele também observou que há muito havia alertado que "Trump era impróprio para o cargo".

Segundo impeachment?

Se o processo continuar, Trump pode se tornar o primeiro presidente na história dos EUA a ser indiciado duas vezes por impeachment.

Para que isso aconteça, as acusações devem ser apresentadas à Câmara dos Representantes e aprovadas em votação.

"Pode ser nesta terça ou quarta-feira quando a ação for tomada", disse Clyburn à CNN.

O impeachment seria então levado ao Senado, onde uma aprovação com dois terços é necessária para o impeachment de um presidente. Se condenado, o Senado também pode votar para proibir Trump de ocupar cargos públicos novamente.

O presidente já foi indiciado em um impeachment em 2020 que fracassou no Senado.

No entanto, Clyburn disse que não acredita que seja possível apresentar queixa e realizar um julgamento antes de Trump deixar o cargo em dez dias.

Neste domingo, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, disse que os parlamentares votariam nesta semana uma resolução pedindo ao vice-presidente Mike Pence que invoque a Emenda 25, que permitiria que ele se tornasse presidente interino caso obtenha o apoio da maioria dos secretários de gabinete.

Mas isso é muito improvável, pois não há sinal de que o vice-presidente esteja disposto a invocar a emenda.

Pence se distanciou do presidente nos últimos dias e disse que planeja comparecer à posse de Biden em 20 de janeiro.

Trump, ao contrário, informou que não comparecerá à cerimônia, embora já tenha admitido que haverá um novo governo e tenha prometido uma transferência pacífica do poder.

Mesmo assim, ele continua destacando que as eleições de 3 de novembro foram fraudulentas, o que ele não comprovou.