Nova testemunha eleva pressão sobre Trump em inquérito de impeachment
Um oficial do Exército americano que ouviu a conversa telefônica entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou nesta terça-feira ter ficado preocupado com as "exigências" do republicano visando atingir um rival político.
O tenente-coronel Alexander Vindman, especialista em Ucrânia no Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês), prestou depoimento ao Congresso americano nesta terça como nova testemunha do inquérito de impeachment que tramita contra o presidente.
Vindman é a primeira pessoa a testemunhar no inquérito que realmente ouviu o telefonema entre Trump e Zelensky em 25 de julho. Essa ligação impulsionou a abertura do processo de impeachment, liderado pelos comitês de Inteligência, Relações Exteriores e Supervisão da Câmara.
No telefonema, cuja transcrição foi divulgada pela Casa Branca no final de setembro, Trump pediu a Zelensky que investigasse o ex-vice-presidente americano Joe Biden - pré-candidato democrata à presidência em 2020 e possível adversário de Trump - e seu filho, Hunter Biden, que foi membro do conselho de uma empresa de gás ucraniana.
O pedido do presidente veio após ele ter retido uma ajuda financeira milionária à Ucrânia. Mais de um mês depois da conversa, a verba foi descongelada. A imprensa americana e a oposição democrata especulam que o republicano montou um cenário de pressão econômica para conseguir a colaboração do ucraniano.
Em seu depoimento nesta terça-feira, Vindman declarou que se reportou duas vezes a autoridades do Conselho de Segurança Nacional para informar sobre suas preocupações em relação à pressão exercida pela Casa Branca para que Biden e seu filho fossem investigados.
"Fiquei preocupado com a ligação", afirmou o tenente-coronel, segundo seu depoimento obtido por veículos de imprensa americanos. "Não achei que fosse adequado exigir que um governo estrangeiro investigasse um cidadão dos EUA, e eu estava preocupado com as implicações no apoio do governo americano à Ucrânia."
O testemunho do militar americano foi preparado por escrito e divulgado na noite de segunda-feira, antes da audiência a portas fechadas no Congresso.
O depoimento de Vindman, um oficial de 20 anos de carreira, se soma aos relatos que vêm sendo apresentados por outras testemunhas no inquérito - entre elas diplomatas e ex-funcionários do governo - que corroboram a denúncia inicial feita por um informante.
Com essas informações, a Câmara dos Representantes reúne evidências para embasar sua investigação. Nesta terça-feira, os democratas na Casa apresentaram uma resolução que autoriza a próxima fase do inquérito de impeachment.
O documento de oito páginas propõe regras para as próximas etapas do processo, incluindo a partir de agora audiências públicas, após críticas de republicanos de que o processo tem sido excessivamente secreto.
Democratas negam essa acusação, argumentando que as cinco semanas de audiências fechadas - das quais parlamentares republicanos participaram - foram necessárias para a coleta de evidências antes da fase pública do inquérito.
A resolução apresentada nesta terça-feira também dá aos republicanos o direito de convocar suas próprias testemunhas e fazer intimações. A estimativa é que a resolução seja votada na Câmara na quinta-feira.
Nesta terça-feira, a Casa Branca rejeitou o plano dos democratas, descrevendo-o como uma "farsa ilegítima", e afirmou que os direitos atribuídos a Trump são "confusos e incertos".
O presidente americano reconheceu ter pressionado Zelensky a investigar suspeitas contra Biden e seu filho na Ucrânia, mas nega ter feito qualquer promessa específica ao governo em Kiev em troca de uma colaboração. Ele vem chamando o processo de impeachment de uma "caça às bruxas".
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