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A Palestina é considerada um Estado?

Para muitos países, sim. Mas outros não dão aos territórios palestinos esse reconhecimento. Entenda como funciona esse processo. Nem todos os países do mundo reconhecem a existência de um Estado palestino, e a questão é amplamente controversa entre pesquisadores e diplomatas. Esta é a situação atual:

O que é um Estado?

Há duas teorias sobre o status de Estado: a teoria declaratória e a teoria constitutiva.

Defensores da teoria declaratória dizem que um Estado pode ser considerado como tal se ele preenche a definição da Convenção de Montevidéu, que diz que, para ser considerado um Estado, um território necessita de uma população permanente, um território determinado, seu próprio governo e a capacidade de entrar em relações com outros Estados.

Essa convenção diz que o Estado soberano não depende do reconhecimento de outros Estados para existir.

"Mesmo antes de ser reconhecido, o Estado tem o direito de defender a sua integridade e independência, de promover a sua conservação e prosperidade, e, por conseguinte, de se organizar como melhor entender, de legislar sobre os seus interesses, de administrar os seus serviços e de determinar a jurisdição e a competência dos seus tribunais", afirma.

Isso leva à segunda teoria sobre o Estado: a teoria constitutiva. Esta diz que um Estado somente pode ser reconhecido como tal se os demais Estados do mundo o considerarem um Estado. Essa teoria não está codificada em tratados. Em vez disso, ela considera o status de Estado como uma questão tanto do direito internacional como da diplomacia.

Os territórios palestinos preenchem a definição de Estado?

Especialistas têm opiniões divergentes sobre se os territórios palestinos se encaixam na definição legal de um Estado.

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Alguns dizem que sim, enquanto outros dizem que eles não cumprem os critérios expressos na Convenção de Montevidéu.

E outros ainda argumentam contra o uso da Convenção de Montevidéu, afirmando que o melhor caminho para o status de Estado para os territórios palestinos seria por intermédio do reconhecimento internacional.

Quais países reconhecem a existência de um Estado palestino?

A maioria dos 193 países das Nações Unidas— 139 — reconhece os territórios palestinos como um Estado.

Um pedido de ingresso nas Nações Unidas deve ser aprovado por ao menos nove dos 15 membros do Conselho de Segurança. Se houver o veto de qualquer um dos cinco membros permanentes, o pedido é rejeitado. Esses cinco países são China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.

Estados Unidos, França e Reino Unido não reconhecem a existência de um Estado palestino. Esses três países já declararam que não haverá reconhecimento enquanto o conflito com Israel não for solucionado pacificamente.

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Nove dos 27 países-membros da União Europeia reconhecem a existência de um Estado palestino. Quase todos são antigos integrantes da União Soviética, e o reconhecimento é anterior ao ingresso na União Europeia em quase todos os casos.

A Suécia, que reconheceu a existência de um Estado palestino em 2014, é o único país da UE a ter feito isso depois de entrar no bloco.

O Brasil reconhece desde 2010 "o Estado palestino nas fronteiras de 1967", ou seja, incluindo os territórios palestinos ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias.

As Nações Unidas consideram a Palestina como um Estado observador não membro, o que significa que ela pode participar de sessões da Assembleia Geral e pode manter uma representação na sede da ONU, em Nova York.

Por causa desse status, obtido em 2012, ela é também desde 2015 membro do Tribunal Penal Internacional (TPI), a única corte internacional permanente que pode processar indivíduos por crimes de guerra.

Em 2021, o então promotor Fatou Bensouda anunciou que o TPI estava abrindo uma investigação da situação nos territórios palestinos. Essa investigação, que Israel já condenou, está em andamento.

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A adesão da Palestina ao Estatuto de Roma e a filiação ao TPI deram ao TPI a capacidade legal de investigar crimes cometidos por palestinos ou em território palestino.

Qual o impacto de um reconhecimento?

Um Estado pode ser reconhecido como tal, mas não ser um membro das Nações Unidas. A Suíça, por exemplo, só entrou na ONU como um Estado-membro em 2022. Lichtenstein não aderiu até 1990, e San Marino até 1992. Todos eram considerados Estados reconhecidos internacionalmente antes da adesão.

O status de Estado observador não membro significa que a Palestina pode participar como observadora dos processos internos da ONU, mas não pode votar na Assembleia Geral. Por exemplo, a Palestina não pôde votar na recente resolução que pedia um cessar-fogo no conflito entre Israel e o Hamas e que foi rejeitada. Nem pôde votar numa resolução pedindo uma pausa humanitária no conflito e que foi aprovada.

Qual a posição da Alemanha sobre um Estado palestino?

A Alemanha não reconhece a existência de um Estado palestino. Porém, ela apoia "o estabelecimento de um futuro Estado palestino como parte de uma solução de dois Estados negociada entre as partes do conflito".

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Como não reconhece a Palestina como um Estado, a Alemanha usa o termo "territórios palestinos" para se referir à Cisjordânia ocupada, Jerusalém Oriental e Gaza. Ao se referir aos representantes palestinos, usa o termo "Autoridade Palestina".

A questão da posição da Alemanha sobre o status dos territórios palestinos já surgiu nos tribunais do país. Em novembro de 2020, uma corte alemã confirmou que "não há nacionalidade palestina" nem Estado da Palestina e determinou que refugiados palestinos sejam considerados "apátridas". Autor: Clare Roth

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