França recebe satisfeita o apoio da União Europeia à intervenção no Mali

Em Paris

A França recebeu com satisfação nesta quinta-feira (17) o sinal verde da União Europeia a uma missão de formação do Exército malinês e a acelerar seu desdobramento, que chega no sétimo dia de operações da intervenção francesa no Mali.

Para o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, participante na reunião dos 27 países comunitários realizada em Bruxelas, essa missão representa uma "ajuda importante para acelerar a reconstrução do Exército do Mali".

A operação, cujo desdobramento poderá tornar-se efetivo a partir de meados de fevereiro, conta com um mandato de 15 meses, um orçamento comum de 12,3 milhões de euros e 450 soldados, dos quais 200 se encarregarão de treinar quatro batalhões do Exército malinês.

Raio-X do Mali

  • DADOS DO MALI:

  • Capital: Bamaco
    População: 15,5 milhões (2012)
    Língua oficial: francês
    PIB: US$ 17,9 bilhões (2011)
    Tamanho: 7º maior país da África
    Divisão religiosa: 90% muçulmanos, 1% cristãos
    e 9% crenças indígenas

"Corresponde aos africanos estar na linha de frente", insistiu Fabius, satisfeito que o conjunto de países europeus tenha expressado sua solidariedade e não tenham descartado a possibilidade de enviar tropas de combate.

Desde o início de sua ofensiva contra os grupos salafistas que desde meados de 2012 controlam o norte do Mali, as autoridades francesas sustentaram que não têm intenção de estar "permanentemente" nesse país.

Além disso, o respaldo a Paris coincide com o surgimento na França de vozes críticas por sua atuação individual.

Além disso, chega no momento em que o ataque a um campo de gás na Argélia --reivindicado por um grupo próximo à Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) em represália pela decisão do Executivo argelino de abrir seu espaço aéreo à aviação francesa para a operação no Mali-- aumenta as dúvidas sobre a necessidade de a França ter se colocado na linha de frente do conflito.

 

Esse ataque "justifica mais a decisão de sair em ajuda ao Mali", ressaltou hoje o presidente francês, François Hollande, não sem admitir que a libertação dos reféns na Argélia, cujo número ainda é confuso, está acontecendo "em condições dramáticas".

Fabius salientou hoje em Bruxelas que, embora a França tenha sido "precursora" na intervenção no Mali, a necessidade que outros Estados se unam de alguma maneira à operação está justificada pelo fato de que "todos os países europeus se veem afetados pelo terrorismo".

Essa foi a linha defendida desde o princípio pelas autoridades francesas, que consideraram que, se não se tivesse acelerado sua intervenção, Bamaco já estaria sob poder salafista, com o conseguinte perigo que esse controle teria representado para a região.

Na França, quase todos os grupos políticos apoiaram a incursão, mas não faltam críticas à decisão de ter exposto dessa maneira as tropas francesas e o país sem apoio militar de outros Estados ocidentais.

"Temo que nos tenhamos introduzido em uma espiral que nos vai custar muito para controlar. É importante esclarecer os objetivos da intervenção. (...) Envolvemo-nos nesta operação e enfrentamos riscos extremamente elevados. E estamos sozinhos", disse o ex-ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, ao canal de televisão "France 24".

Os chefes de Estado-Maior da Comunidade Econômica de Estados de África Ocidental (Cedeao) anunciaram ontem em Bamaco "o desdobramento imediato" da AFISMA, força africana que irá ao Mali com mandato das Nações Unidas.

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  • http://noticias.uol.com.br/enquetes/2013/01/17/qual-sua-opiniao-sobre-a-intervencao-da-franca-no-mali.js

Porém, em nível ocidental, como ficou em evidência hoje, o apoio não passou ainda do plano político e logístico, apesar de Fabius considerar "absolutamente possível" que algum outro país europeu acabe enviando tropas de combate.

"Nos preocupa extremamente ver que a França atua tão isolada", lamentou na quarta-feira no Parlamento o chefe da oposição francesa, Jean-François Copé, líder da conservadora União por um Movimento Popular (UMP).

Uma postura que Hollande e Fabius tentaram aplacar hoje em nível nacional: "Todos os europeus estão mobilizados" para a formação das forças africanas, destacou o primeiro, enquanto o ministro lembrou que "o conjunto de países europeus expressou sua solidariedade".

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