Jovens sequestradas tentam voltar à rotina após dez anos de cativeiro

Julio César Rivas

De Cleveland

Cinco dias após serem libertadas, Amanda Berry, Gina DeJesus e Michelle Knight iniciaram neste sábado (11) o primeiro fim de semana depois de uma década sequestradas e serem submetidas a todos os tipos de humilhações, supostamente cometidas por Ariel Castro.

As famílias de Amanda e Gina repetiram hoje o pedido aos meios de imprensa para que respeitem a privacidade das jovens e, por sua vez, os principais canais de televisão de Cleveland anunciaram que retiraram suas equipes da frente das casas das vítimas.

Uma das vizinhas da família de Gina fez o mesmo pedido ao passar pelos poucos meios de imprensa que seguem postados em frente à casa. "Por favor, deixem-as respirarem."

A multidão de globos e bonecos que vizinhos e desconhecidos depositaram na casa de Gina desde que segunda-feira foi noticiada a libertação das três jovens, desapareceram nas últimas horas.

Ainda resta um cartaz de boas-vindas à jovem, que desapareceu em 2004, e um grande plástico azul para manter a intimidade da família foi colocado no quintal de trás do imóvel.

O que não está claro é se Michelle Knight, a pessoa que mais tempo passou no cativeiro, se encontra também no interior da casa da família de Gina, como informaram alguns meios de imprensa.

Nenhum porta-voz oficial da família de Gina confirmou o fato, mas os rumores dispararam depois que parte da família de Michelle, entre eles a avó, Deborah Knight, se apresentou na casa de Gina para ver Michelle.

Deborah Knight deixou a residência sem ver a sua neta. Outros meios de imprensa assinalaram que a família de Gina ofereceu adotar Michelle, mas essa informação também não foi confirmada oficialmente.

Segundo declarou a avó de Michelle a um canal de televisão local, a menina sofreu violência repetida na face durante o cativeiro e necessita de uma cirurgia plástica para reparar o dano sofrido.

Mas Michelle, de 32 anos de idade, também se negou a ver sua família com a qual, aparentemente, não tinha uma boa relação antes de seu desaparecimento.

A polícia de Cleveland confirmou que em 2003 retirou Michelle da lista de pessoas desaparecidas do FBI, o que significa que durante a última década ninguém buscou por ela.

A polícia disse também que a decisão foi tomada porque os investigadores foram incapazes de localizar a mãe de Michelle, Barbara Knight, para confirmar que seguia desaparecida.

Barbara tentou ver sua filha no hospital na quarta-feira, mas a jovem pediu que não fosse permitida a entrada de sua mãe no quarto.

A rede de televisão "ABC" disse ontem que Barbara Knight, que agora vive na Flórida, contratou o advogado Jay Milano para poder falar com a filha.

Segundo os relatórios policiais filtrados pelos meios de comunicação, Michelle foi a vítima que mais sofreu a suposta selvageria do acusado.

Os relatórios indicam que Michelle ficou grávida cinco vezes e que em todas as ocasiões Castro forçou abortos violentando a vítima repetidamente no estômago.

Quando Amanda ficou grávida, Michelle foi obrigada a assistir o parto e "Ariel disse que se o bebê morresse, ele a mataria".

Enquanto isso, a casa dos horrores na qual supostamente Castro manteve as três jovens apareceu hoje com as janelas totalmente cobertas com painéis de madeira e protegida por uma cerca instalada pela polícia para conservar o interior.

Também hoje, a polícia estava terminando de instalar uma cerca para proteger outras duas casas adjacentes à casa de Castro. Em uma delas, o FBI esteve trabalhando desde o início do caso, embora não tenha revelado sua conexão com o caso.

A instalação da cerca permitirá que a polícia reabra o trânsito na avenida Seymour, em Cleveland, onde se encontra a casa de Castro.

Enquanto isso, Castro segue preso no condado de Cuhayoga, em Cleveland, vigiado 24 horas do dia perante o temor de que o acusado possa cometer suicídio.

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