Nelson Mandela, uma fonte inesgotável de solidariedade
Marcel Gascón.
Johanesburgo, 6 dez (EFE).- O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, que faleceu aos 95 anos, se caracterizou sempre por seu apoio incondicional a várias causas solidárias que mantêm vivo o legado moral de um homem que dedicou sua vida aos demais.
Mandela - prisioneiro mais famoso do mundo, primeiro chefe de Estado negro da África do Sul e ícone da luta pelos direitos humanos e a igualdade racial - não só deixou grandes lições políticas, mas também um modelo de comportamento baseado na ajuda sem interesses.
Seu compromisso na luta contra a injustiça, a pobreza e a Aids, ou a defesa dos direitos da infância fazem parte de uma herança que apela à condição humana acima de bandeiras, cores e ideologias.
O falecido líder sul-africano deu seu respaldo a pelo menos 40 instituições beneficentes, segundo os dados da Fundação Mandela.
Ele foi ainda embaixador da boa vontade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), porta-voz da SOS Children's Village (maior organização de ajuda a crianças órfãs) e promoveu a campanha "46664" contra a Aids.
Em 2009, a filantropia de Mandela encorajou a ONU a transformar o 18 de julho, dia de seu aniversário, no Dia Internacional de Nelson Mandela, um evento global que incentiva as pessoas a seguir seu exemplo e dedicar 67 minutos - mesmo número de anos que ele dedicou à luta pela igualdade racial na África do Sul - a ajudar o próximo.
"Este é também seu legado. É uma das grandes lições que Mandela nos deu: ajudar os demais", disse à Agência Efe Moipone Buda-Ramatlo, diretora do Fundo para a Infância de Nelson Mandela.
Madiba, como Mandela era chamado carinhosamente pelos sul-africanos, fundou essa organização beneficente com seu próprio salário, após assumir a presidência em 1994, como lembra Buda-Ramatlo.
"Logo após chegar à presidência - relatou a diretora -, vários meninos de rua correram para abraçá-lo ao sair de seu hotel na Cidade do Cabo. Ele lhes perguntou: Por que se interessam tanto por mim?: Porque sabemos que voce gosta da gente, lhe responderam", contou.
"Foi então quando ele perguntou: O que estamos fazendo realmente por estas crianças? Assim nasceu o Fundo para a Infância de Nelson Mandela. Como ele mesmo disse, uma sociedade pode ser julgada por como trata suas crianças e aos mais desfavorecidos", afirmou Buda-Ramatlo.
O Fundo para a Infância concedeu mais de 40 milhões de euros desde 1995 a programas de proteção infantil na África do Sul, onde 11,5 dos 19 milhões de crianças vivem abaixo da linha da pobreza, segundo um relatório do Unicef divulgado em 2012.
A instituição espera concluir em 2014 a construção do segundo hospital pediátrico da África Subsaaariana, "um projeto pessoal de Mandela", afirmou Moipone Buda-Ramatlo.
Após deixar o governo em 1999, Mandela assumiu um papel mais ativo a favor de causas humanitárias.
Em 2002, criou a campanha "46664" contra a Aids, batizada com o número de prisioneiro que recebeu durante seus 18 anos de cárcere na ilha de Robben Island.
A iniciativa se tornou o maior movimento de conscientização contra a pandemia através de grandes shows que contaram com o apoio de estrelas internacionais como Bono, de U2, Peter Gabriel e Brian May (Queen).
"A Aids custa mais vidas que todas as guerras do mundo. É uma questão de direitos humanos", afirmou Mandela para dezenas de milhares de pessoas no primeiro show "46664", realizado na Cidade do Cabo em 2003.
A doença provocou um duro golpe sentimental ao próprio Madiba em 2005, quando provocou a morte de seu filho mais velho, Makgatho, aos 54 anos.
"Vamos dar publicidade à Aids e não a escondamos, porque essa é a única forma de que fazer com que pareça uma doença normal", disse Mandela ao anunciar, cercado por sua família, o falecimento de seu filho, em uma época na qual falar desse padecimento era um tabu.
Mandela passou 27 anos na prisão por sua oposição ao "apartheid", regime de segregação racial imposto pela minoria branca sul-africana até 1994, quando se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul.
Um ano antes, ele recebeu o prêmio Nobel da Paz, junto com o então presidente sul-africano, Frederik de Klerk, por sua mensagem de reconciliação em prol de uma África do Sul democrática e multirracial.
À sombra do grande líder político que foi em vida, Nelson Mandela entra para a história como um homem bom que, como lembrou Buda-Ramatlo, "sempre cuidou dos demais, pois seu desejo era mudar a sociedade".
Johanesburgo, 6 dez (EFE).- O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, que faleceu aos 95 anos, se caracterizou sempre por seu apoio incondicional a várias causas solidárias que mantêm vivo o legado moral de um homem que dedicou sua vida aos demais.
Mandela - prisioneiro mais famoso do mundo, primeiro chefe de Estado negro da África do Sul e ícone da luta pelos direitos humanos e a igualdade racial - não só deixou grandes lições políticas, mas também um modelo de comportamento baseado na ajuda sem interesses.
Seu compromisso na luta contra a injustiça, a pobreza e a Aids, ou a defesa dos direitos da infância fazem parte de uma herança que apela à condição humana acima de bandeiras, cores e ideologias.
O falecido líder sul-africano deu seu respaldo a pelo menos 40 instituições beneficentes, segundo os dados da Fundação Mandela.
Ele foi ainda embaixador da boa vontade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), porta-voz da SOS Children's Village (maior organização de ajuda a crianças órfãs) e promoveu a campanha "46664" contra a Aids.
Em 2009, a filantropia de Mandela encorajou a ONU a transformar o 18 de julho, dia de seu aniversário, no Dia Internacional de Nelson Mandela, um evento global que incentiva as pessoas a seguir seu exemplo e dedicar 67 minutos - mesmo número de anos que ele dedicou à luta pela igualdade racial na África do Sul - a ajudar o próximo.
"Este é também seu legado. É uma das grandes lições que Mandela nos deu: ajudar os demais", disse à Agência Efe Moipone Buda-Ramatlo, diretora do Fundo para a Infância de Nelson Mandela.
Madiba, como Mandela era chamado carinhosamente pelos sul-africanos, fundou essa organização beneficente com seu próprio salário, após assumir a presidência em 1994, como lembra Buda-Ramatlo.
"Logo após chegar à presidência - relatou a diretora -, vários meninos de rua correram para abraçá-lo ao sair de seu hotel na Cidade do Cabo. Ele lhes perguntou: Por que se interessam tanto por mim?: Porque sabemos que voce gosta da gente, lhe responderam", contou.
"Foi então quando ele perguntou: O que estamos fazendo realmente por estas crianças? Assim nasceu o Fundo para a Infância de Nelson Mandela. Como ele mesmo disse, uma sociedade pode ser julgada por como trata suas crianças e aos mais desfavorecidos", afirmou Buda-Ramatlo.
O Fundo para a Infância concedeu mais de 40 milhões de euros desde 1995 a programas de proteção infantil na África do Sul, onde 11,5 dos 19 milhões de crianças vivem abaixo da linha da pobreza, segundo um relatório do Unicef divulgado em 2012.
A instituição espera concluir em 2014 a construção do segundo hospital pediátrico da África Subsaaariana, "um projeto pessoal de Mandela", afirmou Moipone Buda-Ramatlo.
Após deixar o governo em 1999, Mandela assumiu um papel mais ativo a favor de causas humanitárias.
Em 2002, criou a campanha "46664" contra a Aids, batizada com o número de prisioneiro que recebeu durante seus 18 anos de cárcere na ilha de Robben Island.
A iniciativa se tornou o maior movimento de conscientização contra a pandemia através de grandes shows que contaram com o apoio de estrelas internacionais como Bono, de U2, Peter Gabriel e Brian May (Queen).
"A Aids custa mais vidas que todas as guerras do mundo. É uma questão de direitos humanos", afirmou Mandela para dezenas de milhares de pessoas no primeiro show "46664", realizado na Cidade do Cabo em 2003.
A doença provocou um duro golpe sentimental ao próprio Madiba em 2005, quando provocou a morte de seu filho mais velho, Makgatho, aos 54 anos.
"Vamos dar publicidade à Aids e não a escondamos, porque essa é a única forma de que fazer com que pareça uma doença normal", disse Mandela ao anunciar, cercado por sua família, o falecimento de seu filho, em uma época na qual falar desse padecimento era um tabu.
Mandela passou 27 anos na prisão por sua oposição ao "apartheid", regime de segregação racial imposto pela minoria branca sul-africana até 1994, quando se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul.
Um ano antes, ele recebeu o prêmio Nobel da Paz, junto com o então presidente sul-africano, Frederik de Klerk, por sua mensagem de reconciliação em prol de uma África do Sul democrática e multirracial.
À sombra do grande líder político que foi em vida, Nelson Mandela entra para a história como um homem bom que, como lembrou Buda-Ramatlo, "sempre cuidou dos demais, pois seu desejo era mudar a sociedade".