Violência em Bangui causa deslocamento de 14 mil, diz Médicos Sem Fronteiras

Em Bangui

  • Sia Kambou/AFP

    Famílias se refugiam dentro da igreja Saint-Bernard, em Bangui, na República Centro-Africana, neste sábado (7), fugindo de uma onda de violência entre milícias cristãs e muçulmanas que já dura dois dias

    Famílias se refugiam dentro da igreja Saint-Bernard, em Bangui, na República Centro-Africana, neste sábado (7), fugindo de uma onda de violência entre milícias cristãs e muçulmanas que já dura dois dias

A violência das milícias suscitadas nos últimos dias em Bangui, capital da República Centro-Africana, deixou centenas de feridos e causou o descolamento de cerca de 14 mil pessoas, informou neste sábado (7) a ONG MSF (Médicos Sem Fronteiras).

Nas últimas semanas, foram registrados choques entre partidários do grupo Séléka, que deu um golpe de Estado na República Centro-Africana em março que levou ao poder o presidente Michel Djotodia, e as milícias de autodefesa "Anti-Balaka" ("antimachete" em sango, a língua nacional), favoráveis ao deposto líder, François Bozizé.

"Nos dois últimos dias, as equipes da MSF trataram mais de 190 feridos no hospital  comunitário de Bangui. A maioria deles apresentava traumas por arma de fogo ou por arma branca (machetes e facas)", afirma a ONG em comunicado.

Segundo a MSF, esse hospital se encontra "saturado pelo número de feridos, que continuaram chegando durante o dia de hoje".

A ONG não divulgou o número de mortos, embora a Cruz Vermelha aponte para mais de 300 mortos desde quinta-feira (5), quando começaram os combates.

A violência provocou também uma "onda" de 14 mil deslocados, depois que milhares de habitantes se viram obrigados a fugir para buscar proteção em pontos nevrálgicos da cidade, como o aeroporto ou centros de culto, assinala a nota.

Essas pessoas "estão vivendo em condições precárias. É preciso mais ajuda de forma urgente e que cheguem mais atores humanitários para poder ajudá-los".

O conflito também chegou a Bossangoa, a 300 quilômetros ao norte de Bangui, onde a MSF cuidou de "20 feridos e continua oferecendo serviços médicos e água aos mais de 35 mil deslocados na cidade".

Os enfrentamentos se intensificaram na quinta-feira após os ataques dos milicianos "Anti-Balaka", horas antes da ONU autorizar a intervenção militar da França, junto com uma força africana, para proteger a população civil e restabelecer a ordem nesse país.

Os "Anti-Balaka" (de denominação cristã) atacaram civis muçulmanos, confissão dos membros de Séléka mas minoritária no país, o que provocou represálias.

A crise da República Centro-Africana começou quando, em 24 de março, a capital foi tomada pelos rebeldes do Séléka, que assumiram o poder no país após a fuga de Bozizé ao exílio.

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