Dilma promete ajuste fiscal com baixos sacrifícios para os mais pobres
A presidente Dilma Rousseff anunciou que promoverá em seu segundo mandato, que começou nesta quinta-feira (1º), um profundo ajuste fiscal, mas com baixos sacrifícios para os mais necessitados.
"Mais do que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer, e os primeiros passos para isso passam por um ajuste fiscal e um aumento da poupança pública, mas faremos isso com o menor sacrifício possível para a população, especialmente para os mais necessitados", afirmou Dilma no discurso no plenário da Câmara dos Deputados após tomar posse para mais quatro anos à frente do governo.
A presidente, no entanto, não deu mais detalhes sobre as medidas que tomará a partir deste ano para sanear as contas públicos e conseguir uma poupança fiscal que melhore o ambiente para o crescimento econômico.
"Reafirmo meu compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e dos direitos da seguridade social", disse a governante.
Dilma declarou que é ciente da necessidade de corrigir distorções e excessos na política fiscal, mas garantiu que as fará contrariando a tese segundo a qual a estabilidade econômica não é compatível com investimento social.
No dia 22 de dezembro, a presidente já tinha anunciado que adotaria "medidas drásticas" para recuperar a economia, porém sem afetar as políticas sociais do governo.
Dilma terminou seu primeiro mandato com um baixíssimo crescimento econômico do país, que segundo os analistas do mercado foi inferior a 0,2% em 2014 e será de até 0,7% em 2015.
O Produto Interno Bruto (PIB) chegou a sofrer, em 2014, uma "recessão técnica", após registrar no primeiro e segundo trimestre variações negativas, mas o panorama foi revertido no terceiro.
"As mudanças que o país espera para os próximos quatro anos dependem da estabilidade e do crescimento da economia. Isso não é uma novidade. Sempre orientei minhas ações para garantir a estabilidade econômica, o controle da inflação, a responsabilidade fiscal e a confiança dos investidores e dos trabalhadores", disse.
Dilma também terminou seu primeiro mandato com a inflação sempre beirando o limite máximo tolerado pelo governo, de 6,5% anual, dois pontos percentuais acima do centro da meta oficial, que é de 4,5% e, de acordo com as previsões dos especialistas, a situação será a mesma em 2015.
"Em todos os anos do meu primeiro mandato, a inflação permaneceu debaixo do teto da meta, e assim continuará", garantiu a presidente em seu discurso de posse.
Dilma disse que, apesar das dificuldades que sabe que terá que enfrentar, a economia avançou em seu primeiro mandato e o país tem que se orgulhar de ser a sétima maior economia do mundo, o quinto que mais atrai investimento estrangeiro e o segundo maior exportador de produtos agropecuário.
"A dívida líquida do setor público é menor do que há quatro anos; as reservas internacionais estão em um nível histórico, em cerca de US$ 370 bilhões; o investimento estrangeiro alcançou nos últimos anos níveis recorde e a taxa de desemprego é a menor já vista. Geramos 5,7 milhões de empregos formais em um período em que o mundo sofria desemprego", afirmou, ao ressaltar as conquistas econômicas de sua gestão.
Dilma também prometeu novas medidas de incentivo às pequenas e médias empresas e acabar com as diferenças tributárias "que fazem com que os pequenos negócios tenham medo de crescer".
Após prestar juramento no plenário e fazer no Congresso o primeiro discurso de seu novo mandato, Dilma seguiu rumo ao Palácio do Planalto para prosseguir com os atos da posse, que incluem um discurso para o público.
Depois, ela empossará os 39 ministros de seu novo gabinete, posará para a foto oficial da posse e se irá ao Palácio do Itamaraty, onde será oferecido um coquetel para as autoridades estrangeiras e outras centenas de convidados, encerrando as cerimônias.
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