Haitianos saem às ruas em busca de comida e água em meio a tensão política
As atividades em Porto Príncipe, capital do Haiti, país imerso em uma crise desde a semana passada, continuam hoje praticamente nulas, embora com muito mais pessoas procurando comida e água, um dia depois de o presidente haitiano, Jovenel Moise, ter pedido diálogo após oito dias de violentos protestos.
Nas ruas da capital havia hoje muito mais motocicletas oferecendo serviço de transporte, enquanto as pessoas tentavam se abastecer de água, comida e combustíveis.
Os hospitais enfrentam problemas devido aos bloqueios das estradas e pela falta de remédios, assim como de outros tipos de insumos, dificultando o atendimento de pacientes, muitos deles feridos durante os protestos, que começaram no dia 7 de fevereiro, o mesmo dia em que Moise completou dois anos no poder.
Em mensagem ontem à noite à nação, o presidente disse que vai "lutar para restabelecer a paz e a estabilidade" no país, e expressou sua solidariedade às vítimas dos protestos dos últimos dias, nos quais pelo menos nove pessoas morreram.
Após quebrar o silêncio que mantinha desde o último sábado, quando também pediu diálogo, Moise, cuja renúncia é reivindicada por uma parte da oposição, afirmou em discurso que não deixará o país "nas mãos de grupos armados e narcotraficantes", que querem utilizar o Haiti para seus interesses pessoais.
O presidente também reconheceu que a crise é "muito grave", embora não tenha anunciado medidas para resolver a difícil situação política e econômica, tarefa que atribuirá ao primeiro-ministro, Jean-Henry Céant, que deve anunciar as ações nas próximas horas, de acordo com o governante.
O pronunciamento de Moise parece não ter surtido maiores efeitos, e em Porto Príncipe as escolas e os bancos continuam fechados, assim como os comércios e os postos de gasolina, muitos dos quais foram saqueados nos últimos dias, situação que causou prejuízos milionários no Haiti, o país mais pobre da América.
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