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China exige que EUA "deixem imediatamente de interferir" em Hong Kong

Manifestantes tentam se livrar de gás lacrimogêneo disparado pela polícia no distrito de Tai Po durante uma greve geral em Hong Kong - Philip Fong/AFP
Manifestantes tentam se livrar de gás lacrimogêneo disparado pela polícia no distrito de Tai Po durante uma greve geral em Hong Kong Imagem: Philip Fong/AFP

Em Pequim

09/08/2019 10h07

A China exigiu hoje que os Estados Unidos "deixem imediatamente de interferir" em Hong Kong e nos assuntos internos da China, e que parem de apoiar as manifestações contra o polêmico projeto de lei de extradição.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, respondeu dessa maneira ao Departamento de Estado dos EUA, que ontem criticou a imprensa por ter revelado informações pessoais de uma diplomata americana que se encontrou com ativistas de Hong Kong.

O caso surgiu a partir de uma fotografia na qual uma funcionária da seção política do consulado dos EUA, identificada pelos veículos de imprensa chineses como Julie Eadeh, aparece conversando com manifestantes de Hong Kong.

Hua afirmou que os EUA deveriam "refletir" sobre as suas palavras e feitos, e pediu para que o país não use a imprensa para atacar ou culpar outros governos.

"A parte americana interveio com frequência nos assuntos de Hong Kong, o que inevitavelmente conduzirá à oposição decidida e à indignação do povo chinês, incluindo os compatriotas de Hong Kong", disse a porta-voz chinesa.

A representante das Relações Exteriores da China também exigiu que os EUA "cumpram o direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais" e deixem de interferir na ex-colônia britânica, onde os protestos já duram dois meses, motivo pelo qual o governo chinês convocou nesta sexta-feira um diplomata americano para cobrar esclarecimentos e expressar descontentamento.

Na terça-feira passada, Pequim voltou a ameaçar os manifestantes que tomaram as ruas de Hong Kong na greve geral que paralisou a cidade. As autoridades advertiram que o governo e a polícia local estão preparados para levá-los à Justiça pelos seus atos.

Além disso, Pequim reiterou o apoio ao governo de Hong Kong liderado por Carrie Lam, considerada "completamente capaz" de garantir a segurança e à qual pediu "medidas", possivelmente mais um passo para pressionar e intimidar os manifestantes, que convocaram outra onda de protestos para este fim de semana.

As manifestações em Hong Kong começaram no início de junho, contra um polêmico projeto de lei de extradição que poderia permitir que o governo de Pequim tivesse acesso a "fugitivos" refugiados na cidade.

No entanto, embora o governo de Hong Kong tenha suspendido a tramitação do polêmico texto, os protestos derivaram para reivindicações mais amplas sobre os mecanismos democráticos da cidade, cuja soberania foi retomada pela China em 1997 com o compromisso de manter até 2047 as estruturas estabelecidas pelo Reino Unido.