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Ernesto Araújo e chanceler argentino se reúnem para melhorar laços bilaterais

Os ministros das Relações Exteriores de Argentina e Brasil, Felipe Solá e Ernesto Araújo - Lucio Tavora/Xinhua
Os ministros das Relações Exteriores de Argentina e Brasil, Felipe Solá e Ernesto Araújo Imagem: Lucio Tavora/Xinhua

12/02/2020 19h32

Brasília, 12 fev (EFE) - O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, recebeu hoje o chanceler argentino, Felipe Solá, para uma primeira reunião que ambos consideraram "franca e sincera" e que representou o primeiro passo para a redução da tensão nas relações bilaterais.

"Foi uma excelente reunião", disse Araújo a jornalistas, em declaração conjunta com Solá. Nenhum dos chanceleres mencionou as polêmicas dos últimos meses entre os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), e da Argentina, Alberto Fernández.

As diferenças ideológicas foram deixadas de lado pelos dois ministros, que destacaram os históricos laços bilaterais, a cooperação entre os dois países nas mais diversas áreas e o compromisso em comum com o Mercosul, bloco que também inclui Uruguai e Paraguai.

O desejo em comum de superar as diferenças foi refletido na decisão de reunir novamente comissões bilaterais nas áreas de economia, infraestrutura e até política, cujo trabalho foi interrompido após a vitória eleitoral de Fernández.

Discussão sobre a economia argentina

Solá afirmou que a visita "ao irmão Brasil" ocorre em um contexto de "aproximação" e a classificou uma "viagem de amizade e calor adiada por vários motivos", na qual expôs a difícil situação econômica "herdada" pelo novo governo argentino.

"A Argentina tem uma recessão profunda, que é vista na queda das exportações. Tem um problema muito forte de demanda interna, o poder de compra caiu de forma preocupante" e o país "herdou uma inflação muito alta", explicou Solá.

O chanceler também destacou que a Argentina "enfrenta uma dívida externa absurdamente elevada em um prazo muito curto", que grande parte dos recursos recebidos "escaparam através de um sistema de câmbio irresponsável", razão pela qual o governo de Fernández está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Este é o primeiro passo" de uma série de negociações, disse Solá, que pediu o apoio do Brasil. "Pedimos para que os nossos irmãos brasileiros também nos apoiem de todas as maneiras possíveis no FMI", já que agora a Argentina precisa de "tempo para crescer e para pagar".

Mercosul e Venezuela

Araújo, por outro lado, disse que "o Brasil tem uma expectativa muito grande de contar com a Argentina em assuntos essenciais", entre eles a "consolidação do Mercosul como uma plataforma dinâmica de inserção na economia internacional".

Segundo o ministro brasileiro, o Mercosul "deve se posicionar diante do mundo como um polo de crescimento econômico", "trabalhar pela democracia na região" e aprofundar a cooperação em áreas como o combate ao crime organizado e ao terrorismo.

Embora Solá não tenha feito nenhuma menção ao assunto, Araújo disse que durante a reunião ambos discutiram sobre a Venezuela, cuja crise é vista de diferentes ângulos por Fernández e Bolsonaro, embora concordem que a comunidade internacional deve promover uma solução negociada para a crise.

"Estamos inteiramente de acordo com o objetivo de contribuir para uma transição democrática" na Venezuela, disse o ministro brasileiro.

Após o encontro com Araújo, e em outro gesto que parece apontar para a superação da discórdia, o ministro das Relações Exteriores argentino agendou uma audiência de "cortesia" com Bolsonaro, que o receberá no Palácio do Planalto.

Solá antecipou que transmitirá "a saudação fraterna do presidente Alberto Fernández" ao presidente brasileiro.