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África garante mais 400 milhões de doses de vacina contra covid-19

Uma equipe médica em Port Elizabeth, na África do Sul, trabalhando durante a pandemia de coronavírus  - MARCO LONGARI / AFP
Uma equipe médica em Port Elizabeth, na África do Sul, trabalhando durante a pandemia de coronavírus Imagem: MARCO LONGARI / AFP

28/01/2021 14h53

A União Africana (UA) confirmou nesta quinta-feira que adquiriu mais 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca contra a covid-19, que chegará através do Instituto do Soro da Índia entre 2021 e 2022, e que se juntam aos 270 milhões já reservados pela a organização para este ano.

"Estamos começando a ver um progresso muito bom", disse John Nkengasong, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África (CDC África), em uma conferência de imprensa virtual.

As doses reservadas ainda estão longe de atender às necessidades de curto prazo para alcançar a imunidade de rebanho para o continente, que tem uma população de cerca de 1,3 bilhão de habitantes, mas representam um avanço notável.

Para além deste esforço a nível continental, o diretor do CDC África (organismo dependente da União Africana) comemorou que a plataforma Covax, criada para garantir o acesso global e equitativo às vacinas, já ultrapassou o limiar de reservas necessário para garantir a vacinação de 20% da população dos países mais vulneráveis.

Através da Covax, espera-se que a África receba progressivamente pelo menos mais 600 milhões de doses, aproximando-se da meta de imunidade de rebanho.

Alguns países também estão fazendo progressos na vacinação graças a acordos bilaterais diretos com países produtores e farmacêuticos.

O número de nações africanas que já inoculam sua população, entretanto, ainda é muito limitado em comparação com outros continentes.

Segundo Nkengasong, apenas Marrocos, Egito e Seychelles já iniciaram suas respectivas campanhas nacionais.

Eles se juntam a Guiné-Conacri - que administrou cerca de 50 vacinas em uma campanha experimental - e a África do Sul deve fazê-lo na próxima semana.

O governo da África do Sul, que é de longe o país mais atingido pela pandemia no continente (com 1.430.648 casos confirmados e 42.550 mortes) e, além disso, tem sofrido o flagelo de uma nova variante (501Y.V2) ainda mais contagiosa, confirmou ontem à noite que receberá no dia 1º de fevereiro o primeiro lote de vacinas (da AstraZeneca e enviadas pelo Instituto do Soro da Índia).

A tarefa de garantir que África não fique para trás tornou-se ainda mais urgente diante dos efeitos da segunda onda no continente, que ainda não acabou e que elevou a taxa de mortalidade para 2,5%, colocando-o acima da média global (2,2%) pela primeira vez.

De acordo com dados publicados hoje pelo CDC África, o continente registrou 3.494.117 casos de coronavírus, dos quais 2.977.335 pacientes já tiveram alta e 87.937 morreram.

A vacinação de 60% da população da África para alcançar a imunidade de rebanho exigirá, de acordo com cálculos do CDC África apresentados hoje em um seminário virtual organizado a partir de Joanesburgo, pelo menos cerca de 1,5 bilhão de doses e custará entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões.

Essas previsões, no entanto, podem ser alteradas pelo surgimento de novas variantes - como a descoberta na África do Sul - e pela potencial redução da eficácia das vacinas atuais.