Keiko Fujimori considera 'absurdo' pedido para que seja presa preventivamente
Lima, 10 jun (EFE).- A candidata à presidência do Peru no segundo turno do pleito, Keiko Fujimori, classificou como "absurdo" o pedido de um procurador da força-tarefa da Lava Jato no país para que seja presa preventivamente por suposta falta de cumprimento das restrições judiciais na investigação da qual é alvo sob acusação de lavagem de dinheiro.
"O mais absurdo de tudo é a razão pela qual se está solicitando esta mudança (de liberdade condicional para prisão preventiva)", disse Keiko ontem em uma entrevista coletiva na qual estava acompanhada de uma das testemunhas do suposto caso de corrupção, Miguel Torres, advogado e porta-voz do partido da candidata, o Força Popular.
O procurador José Domingo Pérez, integrante da força-tarefa da versão peruana da Lava Jato, alega que Keiko violou uma regra de sua condicional —a que veta encontros com testemunhas do caso— quando concedeu ontem outra entrevista ao lado de Torres, que se ofereceu para testemunhar a favor dela no passado.
Pérez pediu em março de 2020 uma pena de 30 anos e 10 meses de prisão contra Keiko por lavagem de dinheiro, crime organizado, obstrução à justiça e falso testemunho em processo administrativo em em um caso no qual é acusada de ter recebido ilegalmente dinheiro da construtora Odebrecht em suas campanhas presidenciais de 2011 e 2016.
Torres é testemunha
Embora Torres tivesse dito anteriormente à imprensa peruana que não era testemunha na investigação sobre Keiko, durante a entrevista coletiva desta quinta-feira a advogada dela, Giuliana Loza, admitiu que se enquadra, sim, nesta categoria.
Entretanto, a advogada considerou que o pedido do procurador "carece de toda base jurídica e fática", e disse esperar que o juiz Víctor Zúñiga Urday, responsável pelo caso, "declare esta petição improcedente".
Pedido do procurador
No ofício enviado a Zúñiga, Pérez argumentou que Keiko Fujimori não cumpriu a regra de não se comunicar com testemunhas ligadas à investigação.
"Foi determinado mais uma vez que Fujimori Higuchi não está cumprindo a restrição de não se comunicar com testemunhas, já que foi notado como um fato público e notório que ela se comunica com a testemunha Miguel Torres Morales", diz o texto.
Especificamente, Pérez citou a entrevista realizada ontem na qual Torres foi apresentado como porta-voz do Força Popular.
Keiko e Torres estiveram juntos na mesma mesa enquanto o partido da candidata pediu às autoridades eleitorais que anulassem 802 urnas das eleições do último domingo, o que representa cerca de 200 mil votos, sob acusações de irregularidades e "fraude".
Relação com as eleições
Keiko alegou que Pérez quer "continuar sendo o protagonista desta campanha eleitoral", na qual são aguardados os resultados do segundo turno. O esquerdista Pedro Castillo está liderando a apuração com pequena vantagem sobre a candidata de direita.
Ela também afirmou que Perez fez o pedido de prisão depois que Torres foi apresentado como uma das pessoas encarregadas do pedido do Força Popular para que sejam anulados cerca de 200 mil votos pró-Castillo que a legenda classifica como fraudulentos.
Keiko disse que seu partido "respeitará a vontade do povo" e ratificou o "respeito absoluto pelos órgãos eleitorais".
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