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Glória Maria mostrou a negros que o possível é logo ali

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO
Imagem: DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Do Núcleo de Diversidade do UOL

03/02/2023 11h00

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"Só de ser quem eu sou. Não tem posicionamento maior que esse"
Glória Maria

A jornalista Glória Maria foi testemunha de momentos históricos do Brasil e do mundo e se tornou um dos maiores nomes no jornalismo investigativo e de entretenimento. Tudo isso enquanto quebrava tabus como pioneirismo na televisão, conquistando espaços inimagináveis para mulheres negras da sua época.

Não à toa, sua morte em decorrência de um câncer de pulmão movimentou homenagens pelo país inteiro. Entre elas, a de parceiras de profissão, que se inspiraram em Glória para seguir suas carreiras.

"A Glória Maria é um ícone para nós jornalistas negras. Ela representava a possibilidade real de uma mulher negra ser vista pela sua capacidade."
Cris Guterres, colunista do UOL

Glória começou sua carreira na TV Globo em 1970 e foi a primeira mulher negra a aparecer no Jornal Nacional ao vivo. Mais de 30 anos depois, também foi pioneira na transmissão em HD da TV brasileira.

Entre os marcos na carreira da jornalista, uma entrevista com Michael Jackson, a cobertura da Guerra das Malvinas, dos Jogos Olímpicos e uma rodada de maconha com rastafaris da Jamaica. Para além da longa lista de entrevistas e reportagens marcantes, Glória influenciou a vida de famosos. Para quem não sabe, foi ela a responsável por apresentar Luciana Gimenez e Mick Jagger!

Para o colunista do UOL Ricardo Feltrin, a morte de Glória Maria põe fim a uma era no jornalismo, o chamado "jornalismo raiz". A influência nacional da jornalista levou o presidente Lula e outros ministros a lamentarem publicamente sua morte. Pelas redes sociais, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, disse que Glória Maria enfrentou preconceito social e racial, reportando as principais notícias do Brasil e do mundo.

Mãe solo, Glória deixa duas filhas adotivas. Ela as conheceu em 2009 enquanto fazia trabalho voluntário na OAF (Organização de Auxílio Fraterno).

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TRADIÇÃO...
Depois de dois anos sem a realização da festa de Iemanjá, a cidade de Salvador reuniu milhares de devotos nas praias do Rio Vermelho neste 2 de fevereiro. Passadas as restrições impostas pela pandemia de covid-19, a festa retornou com a 1ª imagem negra do orixá.

A MÃE DE TODOS... Para mergulhar no aniversário da rainha do mar, o UOL traz 13 coisas que você precisa saber sobre Iemanjá.

CONTRADIÇÃO... Ecoa explica por que a representação mais comum da entidade no Brasil é branca, mesmo sendo originalmente negra.

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DANDO A LETRA

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Imagem: Arquivo Pessoal

Ela foi a única repórter negra na televisão por muitos anos. A exceção da exceção. A única referência para jovens que, como eu, desejavam ser jornalistas um dia. Não é exagero dizer que praticamente toda jornalista negra deste país sonhou em ser a Glória Maria."
Aline Ramos, colunista do UOL

Em Splash, Aline Ramos agradece Glória Maria por fazê-la sonhar.

Em VivaBem, Larissa Cassiano explica tudo sobre coletor menstrual e o uso do DIU.

Em Universa, Cris Guterres explica o que é "ONG de macho", expressão usada ao se referir às mulheres que se tornam "psicólogas" dos namorados.

Em Notícias, André Santana aborda por que a escultura de Iemanjá negra causa incômodo no Brasil e como isso reflete o racismo da sociedade.

Não era uma mulher. Não era qualquer mulher. Desbravava o mar por quem acreditava, do recém-nascido a mais experiente (e não por coincidência, partiu num 2 de fevereiro, dia de Iemanjá). Na elegância simples da menina de Vila Isabel, que também era o mundo."
Eduardo Carvalho, colunista do UOL

Em Ecoa, Eduardo Carvalho repercute sobre o desejo de Glória Maria de preservar a sua idade. Segundo o colunista, sua morte não dá liberdade para que essa informação seja divulgada.

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PEGA A VISÃO

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Imagem: Cristian Carvalho/Divulgação

Há quem diga que orixá não tem cor, mas os orixás existiram. Antes de ser energia, eles são os nossos antepassados. Assim como nós respeitamos as características físicas dos santos católicos; quando se trata de uma deidade [divindade] africana, é importante levar em consideração os traços desses povos"
Cíntia Maria, diretora do Muncab (Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira)

Mais de um milhão de baianos e turistas se reúnem para a tradicional Festa de Iemanjá na orla da praia do Rio Vermelho, em Salvador (BA). Por lá, comerciantes vendem imagens da estrela da festa nos mais variados formatos, tamanhos e materiais por R$ 20. A única que falta é a Iemanjá negra. A diretora do Muncab buscou inverter essa ótica para resgatar a origem africana do orixá. Ela presenteou a comunidade da Colônia de Pescadores, que deu início à festividade em 1923, com a primeira escultura negra do orixá no local.

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SELO PLURAL

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Imagem: Arte UOL

No Episódio 101 de Papo Preto, o papo é sobre as diferenças entre racismo religioso e intolerância religiosa. Para explicar, Stella Diogo recebe Sidnei Nogueira, pensador, escritor e autor da obra 'Intolerância Religiosa', da coleção Feminismos Plurais de 2020.