Novo chefe de oposição da Síria quer reconhecimento europeu e ajuda com armas

Yasmine Saleh

Do Cairo

O líder da nova coalizão de oposição da Síria apelou aos países europeus para reconhecê-lo como governo legítimo e fornecer-lhe recursos para comprar as armas de que precisa para derrubar o presidente sírio, Bashar al-Assad.

Mas a Grã-Bretanha e a França pareceram estabelecer mais condições, especialmente reunir apoio dentro do país, antes de conceder o reconhecimento completo para a Coalizão Nacional Síria. E, assim como os Estados Unidos, os europeus ainda estão relutantes em armar as forças rebeldes, que incluem militantes islâmicos anti-Ocidente.

Falando à Reuters por telefone enquanto autoridades árabes e europeias se reuniam para discutir a Síria na Liga Árabe, no Cairo, Mouaz Alkhatib, um ex-líder religiosa de uma mesquita em Damasco eleito sem oposição no domingo para liderar o novo grupo, disse que queria apoio diplomático.

"Peço aos Estados europeus para conceder reconhecimento político à coalizão como legítimo representante do povo sírio e dar-lhe apoio financeiro", afirmou ele em uma entrevista.

"Quando recebermos o reconhecimento político, isso vai permitir que a coalizão atue como um governo e, portanto, adquira armas, e isso vai resolver os nossos problemas", acrescentou Alkhatib.

O ministro da Defesa da França e o ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha disseram nesta terça-feira que a formação do novo grupo sob comando de Alkhatib, um moderado conhecido por abraçar minorias religiosas e étnicas da Síria, foi um passo importante, mas não suficiente para o reconhecimento pleno como um governo com direito de assumir o controle em Damasco.

Assad, cuja família governa a Síria há 42 anos, prometeu lutar até a morte em um conflito que já matou cerca de 38.000 pessoas e arrisca engolir outros países.

Seus aviões novamente atingiram casas em Ras al-Ain, controlada pelos rebeldes. Civis fugiram pela fronteira dividida com a cidade turca de Ceylanpinar e nuvens espessas de fumaça subiram.

Jatos e artilharia sírios atingiram a cidade de Albu Kamal, na fronteira com o Iraque, onde os rebeldes tomaram algumas áreas, de acordo com o prefeito da cidade fronteiriça iraquiana de Qaim.

A tensão também se manteve alta nas Colinas de Golã, onde atiradores israelenses revidaram contra o fogo de morteiro sírio que caiu sobre o planalto ocupado nos últimos dois dias.

Vinte meses de conflito criaram uma crise humanitária enorme, com mais de 408 mil sírios fugindo para países vizinhos e até quatro milhões devendo precisar de ajuda até o início do próximo ano, de acordo com as Nações Unidas.

Os combates também deslocaram 2,5 milhões de civis na Síria, estimou o Crescente Vermelho Árabe Sírio.

"Eles acreditam que poderia ser mais, esta é uma estimativa muito conservadora", disse Melissa Fleming, porta-voz chefe do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, em Genebra.

"Então, as pessoas estão mudando, realmente em fuga, escondendo-se", acrescentou ela em entrevista coletiva. "Eles são difíceis de contar e ter acesso."

Até agora, a ação combinada na Síria foi frustrada por divisões dentro da oposição, bem como por rivalidades nas potências e uma divisão regional entre inimigos sunitas muçulmanos de Assad e seus aliados xiitas no Irã e no Líbano.

Convencido pelo Catar e pelos Estados Unidos, o ineficaz Conselho Nacional Sírio, anteriormente o corpo principal da oposição com base no exterior, concordou em participar de uma ampla coalizão no domingo.

Mas o ministro da Defesa da França disse que era prematuro dar ao novo grupo pleno reconhecimento, dizendo que ele precisava unir facções rebeldes armadas dentro Síria sob a sua égide.

"O que aconteceu em Doha é um passo adiante", afirmou Jean-Yves Le Drian a repórteres em Paris. "Ainda não é suficiente para constituir um governo provisório que pode ser reconhecido internacionalmente. Mas está no caminho certo."

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