Acusados de estupro coletivo na Índia se declaram inocentes
Três dos homens acusados de participação no estupro e morte de uma estudante indiana em dezembro vão se declarar inocentes, disseram seus advogados nesta quarta-feira, citando lapsos na investigação policial.
Indianos fazem homenagem e tocam "Imagine"
O caso da aluna de fisioterapia de 23 anos, que morreu duas semanas depois de ser atacada dentro de um ônibus em movimento e em seguida atirada na rua, causou protestos na Índia, abrindo um debate sobre a suposta incapacidade da polícia em coibir a violência contra as mulheres.
Cinco homens foram indiciados por acusações que incluem homicídio, estupro e sequestro. Um sexto envolvido está sendo investigado separadamente, para determinar se é de fato menor de 18 anos, como ele diz ser. Caso isso seja confirmado, ele deve ser submetido a um juizado de menores, e poderá ser internado em um reformatório por até três anos.
O advogado Manohar Lal Sharma, que representa o motorista do ônibus, o irmão dele e outro homem, disse que está ansioso para que o processo siga para julgamento, de modo que as provas policiais possam ser contestadas.
"Nós vamos declarar a inocência. Queremos que isso vá a julgamento", disse Sharma à Reuters. "Estamos só ouvindo o que a polícia está dizendo. Isso é indício manipulado. É tudo na base do ouvir dizer e da suposição."
Não está claro se os outros dois acusados adultos constituíram advogado.
Sharma disse que a polícia acelerou a investigação contra os cinco homens, apesar da incerteza sobre a idade do sexto envolvido, que atraiu a vítima e um amigo dela para dentro do ônibus e que, segundo relatos vindos à tona, teria sido o mais brutal dos agressores.
"Quando você não estabeleceu nem a idade dessa pessoa, como você pode ir à corte imputando acusações contra os outros, e dizer que suas investigações estão completas", disse Sharma. "Todos nós sabemos como as investigações judiciais são realizadas na Índia."
Durante vários dias depois da prisão, ocorrida logo depois do incidente, os cinco acusados comprovadamente adultos ficaram sem advogados, porque nenhum profissional se dispunha a defendê-los.
A polícia interrogou prolongadamente os homens na ausência de advogados, e diz ter confissões gravadas. Juristas dizem que a falta de representação jurídica para os suspeitos pode dar margem a recursos caso eles sejam condenados.
Sharma e outro advogado, V. K. Anand, se ofereceram para defender os cinco réus quando eles compareceram à primeira audiência judicial em Nova Délhi, na segunda-feira.
(com reportagem adicional de Suchitra Mohanty)