Brasil tem déficit em conta corrente de US$2,69 bi em setembro
Por Luciana Otoni
BRASÍLIA, 25 Out (Reuters) - O Brasil registrou déficit em transações correntes de 2,629 bilhões de dólares em setembro, o menor saldo negativo deste ano por conta da balança comercial e ingresso de remessas de lucros e dividendos, informou o Banco Central nesta sexta-feira, mas o resultado veio pior do que o esperado por analistas.
Mesmo assim, rombo na conta corrente no mês passado conseguiu ser financiado pelos investimentos estrangeiros produtivos, que somaram 4,77 bilhões de dólares, depois de passar os últimos dois meses descolado.
Economistas consultados pela Reuters previam saldo negativo de 1,8 bilhão de dólares no mês passado na conta corrente do país, enquanto esperavam que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) ficasse em 4,8 bilhões de dólares.
O BC informou ainda que, no acumulado em 12 meses encerrados em setembro, o déficit em conta corrente do país ficou em 3,60 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Em setembro, o item lucros e dividendos registrou ingresso líquido de 274 milhões, sendo um dos fatores que impediram o saldo negativo em conta corrente do mês passado de ser maior que o verificado.
A última vez que houve entrada de recursos por este canal foi em janeiro de 2000, segundo série histórica do BC. Em agosto passado, o país registrou envio líquido para fora de 1,982 bilhão de dólares e, na maior parte dos meses, as remessas líquidas ficaram acima de 2 bilhões de dólares.
O resultado da conta corrente --que incluem transações do país com o exterior, como comércio, serviços e transações unilaterais-- em setembro foi influenciado também pelo saldo positivo da balança comercial, de 2,146 bilhões de dólares.
Os gastos líquidos de brasileiros no exterior com viagens atingiram 1,663 bilhão de dólares no mês passado, recorde para meses de setembro e mostrando que não houve moderação nessa despesa, mesmo com a mudança do patamar de câmbio. Ainda segundo o BC, maior que os gastos de 1,262 bilhão de dólares registrados em igual mês de 2012.
No acumulado do ano, o rombo em transações correntes chega a 60,416 bilhões de reais, o maior para esses períodos desde o início da série histórica. O BC calcula que o déficit neste ano será de 75 bilhões de dólares, quase 40 por cento a mais do registrado em 2012, de 54,230 bilhões de dólares.
PIORA À FRENTE
O quadro das contas externas brasileiras tende a se agravar no restante deste ano, com as remessas líquidas de lucros e dividendos voltando a crescer --em outubro, até o dia 23, já estavam em 873 milhões de dólares-- e a balança comercial ainda mostrando sinais de cansaço.
Não por menos, a autoridade monetária projeta déficit de 5,3 bilhões de dólares em outubro, ao mesmo tempo em que vê o IED a 5,2 bilhões de dólares, informou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Analistas de mercado projetam persistência do quadro de deterioração do balanço de pagamentos, sem que haja horizonte de melhora e com questionamentos sobre os fundamentos da economia brasileira.
"A deterioração da dinâmica da conta corrente é uma fonte crescente de preocupação para os investidores e ressalta o enfraquecimento dos fundamentos do real a médio prazo", avalia o economista sênbior da Goldman Sachs Global, Alberto Ramos.
Também nesta sexta-feira, o BC apresentou dados sobre o investimento de brasileiros no exterior, que atingiram 355,982 bilhões de dólares no fim de 2012, maior que os 280,265 bilhões 27 por cento a mais do que a cifra vista um ano antes.
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