Secretário-geral da ONU lamenta abuso sexual de forças de paz e surto de cólera no Haiti
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Drew Angerer/Getty Images/AFP
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon discursa na Assmbleia-Geral da ONU, em Nova York (EUA)
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, lamentou nesta terça-feira os casos de abuso sexual envolvendo as forças da paz da ONU na República Centro-Africana e um surto de cólera no Haiti, durante seu discurso final no encontro anual de líderes mundiais em Nova York.
Ban disse à Assembleia Geral da ONU que essas duas questões "mancharam a reputação da Organização das Nações Unidas e, ainda pior, traumatizaram muitas pessoas a quem servimos". Ban deixa o cargo no final de 2016, após servir dois mandatos de cinco anos.
A ONU prometeu reprimir abusos após as forças de paz terem sido acusadas de cometer dezenas de abusos sexuais na República Centro-Africana, onde tropas da ONU assumiram a autoridade de tropas da União Africana em setembro de 2014.
A ONU atualmente possui 106 mil militares e policiais em 16 missões de paz.
"Os desprezáveis atos de exploração e abuso sexual cometidos por diversos membros das forças da paz da ONU e outros funcionários agravaram o sofrimento de pessoas que já estavam no meio de um conflito armado, e prejudicaram o trabalho feito por muitas pessoas ao redor do mundo", disse Ban.
"Protetores nunca devem se tornar predadores", disse.
Sobre Haiti, Ban trabalha em uma nova resposta ao surto de cólera. O país estava livre da cólera até 2010, quando membros das forças de paz da ONU despejaram dejetos infectados em um rio.
"Sinto tremendo remorso e tristeza com o profundo sofrimento de haitianos afetados pelo cólera", disse Ban. "Vamos trabalhar juntos para cumprir nossas obrigações com o povo haitiano".
Ele disse que é "responsabilidade moral" da ONU fazer isso.
Um estudo de 2011 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos disse que forças de paz da ONU provenientes do Nepal, onde o cólera é endêmico, devem ter causado o surto no Haiti. Desde então, mas de 9 mil pessoas morreram da doença que causa diarréia incontrolável e 800 mil pessoas adoeceram, a maioria nos primeiros dois anos do surto.
A ONU não aceitou legalmente a responsabilidade pelo surto. Um comitê independente indicado por Ban divulgou um relatório em 2011 que não determinou conclusivamente como o cólera foi introduzido no Haiti.