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Procurador turco pede prisão de pessoas próximas a príncipe saudita por morte de jornalista

9.out.2018 - Imagens de câmera de segurança mostrariam o jornalista Jamal Khashoggi entrando no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro - CCTV/Hurriyet via AP
9.out.2018 - Imagens de câmera de segurança mostrariam o jornalista Jamal Khashoggi entrando no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro Imagem: CCTV/Hurriyet via AP

Orhan Coskun

Em Ancara

05/12/2018 08h31

O procurador-geral de Istambul emitiu mandados de prisão contra um importante assessor do príncipe herdeiro da Arábia Saudita e o vice-chefe de inteligência externa do reino devido à suspeita de que teriam planejado o assassinato de Jamal Khashoggi, disseram duas autoridades turcas nesta quarta-feira.

A Procuradoria concluiu haver "forte suspeita" de que Saud al-Qahtani e o general Ahmed al-Asiri, que foram removidos de seus cargos em outubro, estão entre os responsáveis pelo assassinato cometido no dia 2 de outubro dentro do consulado saudita em Istambul, disseram as autoridades.

"A decisão da Procuradoria de emitir mandados de prisão contra Asiri e Qahtani reflete a visão de que autoridades sauditas não tomarão ações formais contra estes indivíduos", disse uma das autoridades turcas.

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Os mandados também são emitidos um dia depois que senadores dos Estados Unidos disseram ter mais certeza do que nunca de que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, é responsável pelo assassinato de Khashoggi, depois de receberem um informe da CIA sobre a questão.

Tanto republicanos quanto democratas fizeram algumas de suas acusações mais fortes até o momento e disseram que ainda querem aprovar uma legislação para enviar à Arábia Saudita a mensagem de que os EUA repudiam a morte de Khashoggi, um colunista do jornal Washington Post.

Entretanto, o presidente Donald Trump e alguns de seus colegas republicanos têm afirmado que Washington não deveria adotar ações que ameacem seu relacionamento com Riad, vista como um importante contrapeso para o Irã no Oriente Médio.

"A comunidade internacional parece duvidar do comprometimento da Arábia Saudita para processar este crime hediondo. Ao extraditar todos os suspeitos à Turquia, onde Jamal Khashoggi foi assassinado e esquartejado, as autoridades sauditas poderiam responder a estas preocupações", afirmou o funcionário turco.

Khashoggi foi morto após entrar no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro. O presidente turco, Tayyip Erdogan, disse que a ordem para matá-lo partiu do escalão mais alto do governo saudita, mas provavelmente não do rei Salman, voltando o foco a Mohammed, seu herdeiro e governante de fato do reino.

A Arábia Saudita tem dito que o príncipe não tinha conhecimento prévio do crime. Depois de oferecer várias explicações contraditórias, Riad disse que Khashoggi foi morto e que seu corpo foi esquartejado quando negociações para persuadi-lo a voltar à Arábia Saudita fracassaram.