Em carta, representantes da sociedade civil pedem que Banco Mundial rejeite Weintraub
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Entidades da sociedade civil preparam uma carta para pressionar o Banco Mundial a não aceitar a indicação de Abraham Weintraub para diretoria-executiva da instituição, citando "danos irreparáveis" aos países que Weintraub iria representar caso seja confirmado no cargo.
O texto, assinado por organizações como a Conectas Direitos Humanos e a US Network for Democracy in Brazil, além de um grupo considerável que inclui de empresários e economistas a atores e produtores culturais, afirma que Weintraub, que na quinta anunciou sua saída do Ministério da Educação, não tem "as mínimas qualificações éticas, profissionais e morais para ocupar o posto na 15ª diretoria executiva do Banco Mundial".
O documento, que ainda recolhe assinaturas, é dirigido ao conselho de diretores do banco e aos embaixadores dos nove países que compõe a diretoria liderada pelo Brasil, que Weintraub irá representar: Colômbia, Equador, Trinidad e Tobago, Filipinas, Suriname, Haiti, República Dominicana e Panamá.
A indicação do ex-ministro já foi referendada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas precisa ser aprovada pelos demais países, embora as indicações brasileiras não costumem ser rejeitadas.
A carta, no entanto, pede à diretoria do banco que não aceite a indicação brasileira sob o risco de dano à posição dos países dentro da instituição e ressalta as posições de Weintraub contrárias ao multilateralismo, incapacidade de entender questões sociais, e incompetência gerencial, além de outros problemas.
"Em vista da sequência de declarações racistas, desrespeitosas e agressivas, e também da sua clara inépcia como agente de políticas públicas e agente público, o senhor Weintraub não atende vários requisitos e princípios do código de conduta do Banco Mundial", diz a carta.
Depois de vários dias de especulações, Weintraub anunciou na quinta-feira sua saída do governo em um vídeo gravado no Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro, no qual também disse que assumirá uma diretoria no Banco Mundial.
A demissão de Weintraub que, entre várias atitudes controversas, chamou os ministros do Supremo Tribunal de vagabundos e afirmou que deveriam ser presos --repetindo depois a mesma fala em uma manifestação de apoio a Bolsonaro--, foi uma tentativa de acalmar os ânimos dos ministros do STF com o governo.
Weintraub foi incluído no inquérito que investiga fake news e também tem contra si uma acusação de racismo por causa de uma postagem em que ironizou a forma que os chineses falariam o português e insinuou que a China se beneficiou propositalmente com a crise gerada pela pandemia do coronavírus.
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