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Além de destruir floresta, incêndios na Amazônia ameaçam casas e plantações

Terreno desmatado e queimado nos arredores de Porto Velho, em Rondônia - Bruno Rocha/Fotoarena/Folhapress
Terreno desmatado e queimado nos arredores de Porto Velho, em Rondônia Imagem: Bruno Rocha/Fotoarena/Folhapress

Leonardo Benassatto e Ueslei Marcelino

Da Reuters, em Porto Velho (Rondônia)

17/08/2020 15h19

Moradores e brigadistas estão combatendo focos de incêndios que se alastram pela Amazônia, destruindo terras de cultivo e ameaçando casas no interior de Rondônia, além de destruir as árvores.

Os incêndios, que ocorrem todos os anos na estação seca, criaram nuvens de fumaça cuja visão e cheiro alcançavam Porto Velho, a capital do estado, localizada a 38 km de distância.

Especialistas dizem que os incêndios que colocam em risco a maior floresta tropical do mundo raramente são fenômenos naturais, e que a maioria é ateada deliberadamente para abrir espaço para o pasto.

"Todo ano sofro com isso. Ninguém sabe quem faz isto. Eles vêm e queimam tudo e fogem", disse o pedreiro Rosalino de Oliveira, enquanto observava um brigadista combater chamas que chegaram perigosamente perto de sua casa de tábuas de madeira.

"Somos pobres. Mal consigo alimentar minha família com meu salário. O incêndio vem para destruir tudo em questão de segundos", disse, protegendo o rosto da fumaça sufocante.

Em prantos, sua irmã, Miraceli, disse que temeu perder o pouco que eles têm.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negou a existência de incêndios na Amazônia, dizendo se tratar de uma "mentira" e culpando a mídia por disseminá-la.

De acordo com dados do governo, os primeiros 15 dias de agosto testemunharam uma diminuição de cerca de 17% no número de incêndios em relação ao mesmo período do ano passado, quando um aumento acentuado de focos em toda a Amazônia provocou uma revolta internacional em meio ao alarme sobre o desmatamento de uma região crucial na luta contra o aquecimento global.

O desmatamento cresceu 34,5% nos 12 meses transcorridos até julho quando comparado com um ano antes.

Bolsonaro enviou os militares para combater os incêndios e o desmatamento a partir de maio, mas ambientalistas questionam se esta mobilização está funcionando.