Topo

Esse conteúdo é antigo

Kayapós suspendem bloqueios na BR-163 até sair decisão judicial sobre disputa com governo

Indígenas em trecho da BR-163 em Novo Progresso (PA) - LUCAS LANDAU
Indígenas em trecho da BR-163 em Novo Progresso (PA) Imagem: LUCAS LANDAU

Anthony Boadle

Em Brasília

27/08/2020 11h28

Índios kayapós que bloquearam na semana passada a rodovia BR-163, importante rota de exportação de grãos do Brasil, disseram que não conseguiram um acordo com o governo sobre suas demandas e aguardarão uma decisão judicial sobre a disputa.

Os kayapós chegaram a parar caminhões que carregavam milho para protestar contra a falta de assistência do governo federal para proteger a etnia da pandemia de coronavírus, demandando pagamentos atrasados de compensações que eles recebem desde que a pavimentação da BR começou há uma década atrás.

A etnia, que nesta semana acampou no acostamento da estrada, mas sem bloqueá-la, voltará para sua aldeia para esperar a decisão da Justiça Federal, que deve sair em 10 dias.

"Se o governo quiser parar os pagamentos, ele pode. Nós vamos esperar a decisão judicial", disse o cacique Bepronti Kayapó, em vídeo publicado nas redes sociais após um encontro com representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio) que durou apenas 10 minutos.

Segundo o Instituto Kabu, que representa a etnia, a comunidade recebeu 32 milhões de reais em uma década para financiar projetos de sustentabilidade e iniciativas de apoio aos índios.

Os bloqueios na rodovia na semana passada geraram filas de caminhões de até 30 quilômetros.

A Funai pagou compensações atrasadas dos primeiros seis meses do ano, mas adiou uma decisão sobre os pagamentos futuros, segundo o instituto.

Entre suas queixas, os kayapós dizem que não foram consultados pelo governo sobre o plano de construção da ferrovia Ferrogrão, que deverá cruzar parte da Amazônia para ligar o Mato Grosso a portos fluviais para exportações de soja e milho.

A ferrovia foi projetada para correr em paralelo à BR-163.