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Empresários têm aval do governo para comprar vacinas, diz Bolsonaro

18.dez.2020 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em evento no Rio de Janeiro - Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo
18.dez.2020 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em evento no Rio de Janeiro Imagem: Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo

26/01/2021 10h58

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta terça-feira que deu aval para que um grupo de empresários compre, por conta própria, um lote de 33 milhões de doses de vacinas contra Covid-19 da AstraZeneca para vacinar seus funcionários e doar a metade para o governo brasileiro.

A proposta de compra de vacinas pelo setor privado partiu de um grupo de empresários que, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo, reuniram-se em teleconferência na segunda-feira para definir quem participaria. O grupo Gerdau e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) estão entre os coordenadores da iniciativa.

"Eu quero deixar bem claro que o governo federal é favorável a esse grupo de empresários para levar avante a sua proposta para trazer vacina para cá a custo zero para o governo federal para imunizar, então, 33 milhões de pessoas", disse Bolsonaro durante uma conferência para investidores organizada pelo Credit Suisse.

"No que puder essa proposta ir à frente, nós estaremos estimulando, porque com 33 milhões de graça aqui no Brasil para nós ajudaria e muito a economia e aqueles que, por ventura, queiram se vacinar --porque a nossa proposta é voluntariado né-- o façam para ficar livre do vírus."

A AstraZeneca, no entanto, afirmou em nota que atualmente todas as doses estão reservadas a compromissos já assumidos com governos e organizações, sem espaço para a disponibilização de vacinas ao mercado privado.

"No momento, todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo da Covax Facility, não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado", diz a nota da farmacêutica, acrescentando que mais de 100 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca previstas no acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o governo federal estarão disponíveis.

Entre as condições que o governo tinha apresentado para apoiar a proposta, estava que os empresários não obrigassem os funcionários a serem vacinados.

Segundo Bolsonaro, o governo foi procurado na semana passada pelos empresários com a proposta de comprar 33 milhões de doses e doar a metade, 16,5 milhões, ao governo. O restante seria usado para vacinar os funcionários das empresas que se dispuserem e entrar no acordo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, também defendeu a proposta afirmando que a ajuda ao governo será bem-vinda e que não se pode considerar a compra uma questão de "furar-fila".

O governo chegou a enviar uma carta à AstraZeneca dando o aval para a negociação.

O governo brasileiro também negocia a compra de mais 10 milhões de doses prontas do instituto indiano Serum, que está produzindo a vacina da AstraZeneca, mas a previsão de entrega é apenas para o final de fevereiro.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu; reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.