Minha 'muçulmanidade' era um problema, diz ministra britânica demitida
Uma parlamentar britânica afirmou que foi demitida de um cargo ministerial pelo governo conservador do primeiro-ministro Boris Johnson parcialmente porque sua fé muçulmana deixava os colegas desconfortáveis, segundo reportagem do Sunday Times.
A alegação aumenta a turbulência pela qual o governo de Johnson passa por causa de festas realizadas no escritório de Downing Street durante lockdowns contra a Covid-19.
Nusrat Ghani, 49, que perdeu seu emprego de ministra júnior do Transporte em fevereiro de 2020, disse ao jornal que ela havia ouvido do "whip" —responsável por garantir a disciplina parlamentar— que a sua "muçulmanidade" havia sido mencionada como um problema na sua demissão.
O principal "whip" do governo, Mark Spencer, disse que era a pessoa no centro das acusações de Ghani.
"Essas acusações são completamente falsas e eu as considero difamatórias", disse, no Twitter. "Eu nunca usei essas palavras atribuídas a mim".
Johnson se encontrou com Ghani para discutir as alegações "extremamente sérias" em julho de 2020, disse um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro no domingo.
"Ele então escreveu à ela expressando sua séria preocupação e convidando-a a iniciar um processo formal de reclamação", disse o porta-voz. "Ela não fez isso posteriormente."
"O Partido Conservador não tolera preconceito ou discriminação de qualquer tipo."
Ghani disse em resposta que o processo de reclamação do Partido Conservador era "muito claramente inadequado" porque sua demissão estava relacionada à sua posição no governo, e não no partido.
"Agora não é a hora que eu escolheria para que isso fosse divulgado e busquei todos os caminhos e processos que achei disponíveis para mim, mas muitas pessoas sabem o que aconteceu", acrescentou ela em um comunicado.
A alegação de Ghani veio depois que um de seus colegas conservadores disse que se reuniria com a polícia para discutir acusações de que "whips" do governo tentaram "chantagear" parlamentares suspeitos de tentar forçar Johnson a deixar o cargo por causa das festas durante o lockdown.
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