Ucrânia e Rússia se reúnem para negociações de paz 'sem aperto de mão'
Negociadores ucranianos e russos se reuniram na Turquia, nesta terça-feira, para as primeiras conversas cara a cara em quase três semanas, com a Ucrânia em busca de um cessar-fogo sem comprometer o território ou a soberania, enquanto suas forças têm feito os russos recuarem em Kiev.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, recebeu as delegações de ambos os lados em um palácio de Istambul, dizendo que cabe a eles "parar esta tragédia". A televisão ucraniana informou que as negociações começaram com "uma recepção fria" e nenhum aperto de mão.
A Ucrânia e os Estados Unidos têm pouca esperança de um avanço imediato. Mas a retomada das conversas presenciais é um primeiro passo importante para um cessar-fogo em uma invasão russa que está paralisada na maioria das frentes, mas infligindo sofrimento terrível a civis presos em cidades sitiadas.
Com mais de um mês de guerra, o maior ataque a um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial, mais de 3,8 milhões de pessoas fugiram para o exterior, milhares foram mortos e feridos, e a economia da Rússia foi atingida por sanções.
Na cidade portuária de Mariupol, no sul, sitiada pelas forças russas desde os primeiros dias da guerra, cerca de 5.000 pessoas foram mortas, incluindo cerca de 210 crianças, segundo dados do prefeito que não puderam ser verificados.
Em partes da cidade agora ocupadas por tropas russas, os poucos moradores visíveis pareciam fantasmas entre blocos de apartamentos carbonizados e bombardeados. Uma garotinha com casaco rosa e gorro amarelo de tricô brincava com um graveto nas ruínas enquanto explosões estalavam ao longe. Alguém estava vasculhando os escombros com um carrinho de mão.
"Olhe para nossa reserva de alimentos. Somos oito pessoas. Temos dois baldes de batatas, um balde de cebolas", disse Irina, uma engenheira, em seu apartamento onde as janelas foram quebradas. Eles estavam fazendo sopa em um fogão improvisado na escada.
Em outros lugares, no entanto, as forças ucranianas fizeram avanços nos últimos dias, recapturando território das tropas russas nos arredores de Kiev, no nordeste e no sul, enquanto a invasão de Moscou estagnou diante da forte resistência.
Uma área recapturada pelas forças ucranianas a nordeste da capital em uma estrada em direção ao vilarejo de Rusaniv estava repleta de tanques queimados e pedaços de uniformes russos. As casas vizinhas foram destruídas. Um ucraniano de uniforme estava cavando um buraco no solo para enterrar os restos carbonizados de um soldado russo.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse sobre as negociações na Turquia: "Não estamos negociando pessoas, terras ou soberania".
"O programa mínimo será questões humanitárias, e o programa máximo é chegar a um acordo sobre um cessar-fogo", afirmou ele em rede nacional.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que a Rússia completou em grande parte a primeira fase de seu ataque militar, degradou as capacidades militares da Ucrânia e agora se concentrará em áreas reivindicadas por separatistas no sudeste.
Moscou fez uma declaração semelhante no final da semana passada, interpretada no Ocidente como um sinal de que estava desistindo dos objetivos iniciais de derrubar o governo em Kiev depois de não conseguir tomar a capital.
A Rússia chama sua missão de "operação especial" para desarmar e "desnazificar" a Ucrânia. O Ocidente diz que foi lançada uma invasão não provocada.
Uma autoridade graduada do Departamento de Estado dos EUA disse que o presidente russo, Vladimir Putin, não parecia disposto a fazer concessões para acabar com a guerra.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que as negociações até agora não produziram nenhum progresso substancial, mas é importante que continuem pessoalmente.
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