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Iowa: primeiro estado dos EUA a votar nas primárias democratas foi prejudicado com política de Trump

A partir da esquerda, os democratas Elizabeth Warren, Joe Biden e Bernie Sanders participam de debate eleitoral em Des Moines - Robyn Beck - 14.han.2020/AFP
A partir da esquerda, os democratas Elizabeth Warren, Joe Biden e Bernie Sanders participam de debate eleitoral em Des Moines Imagem: Robyn Beck - 14.han.2020/AFP

03/02/2020 10h28

A corrida da oposição à Casa Branca começa hoje com a primária democrata no Iowa, estado do centro-oeste dos Estados Unidos. Seus 3,1 milhões de habitantes, de maioria branca (90%), representam 1% da população americana. Onze candidatos concorrem para definir quem vai enfrentar o republicano Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro próximo.

O Iowa, um grande produtor de soja e de carne de porco, foi prejudicado pelas sobretaxas impostas pela China nas importações desses produtos, após a guerra comercial declarada pelo presidente americano.

Segundo o cientista político David Redlawsk, da Universidade de Delaware, ouvido pelo jornal Les Echos, há muito tempo esse pequeno estado não tinha uma disputa tão movimentada. Os concorrentes fizeram muitos comícios na região para apresentar suas propostas, empregaram dezenas de cabos eleitorais e investiram no marketing político.

As últimas pesquisas, segundo o jornal Le Monde, apontam o senador Bernie Sanders (Vermont), 78 anos, e o ex-vice-presidente Joe Biden, 77 anos, à frente das intenções de voto nesse estado rural. Na sequência, figuram a senadora Elisabeth Warren (Massachusettes), 70 anos, e o mais jovem concorrente democrata, Pete Buttigieg, 38 anos. O novato Buttigieg, prefeito da cidade South Bend (Indiana), ex-militar e homossexual, tenta encarnar uma alternativa de centro mais palatável do que Biden, um representante do "pântano" de Washington, nas palavras de Trump.

À procura de um campeão

Há muitos eleitores indecisos, destaca o Le Monde, ainda na dúvida se a melhor estratégia para enfrentar o rival republicano é ter um candidato com um programa de esquerda, como propõem Sanders e Warren, ou de centro, como sugerem Biden e Buttigieg, para evitar a polarização.

O jornal francês Le Figaro nota que a disputa ficou mais difícil para a oposição, uma vez que Trump deve ser absolvido nesta semana, no Senado, das acusações que levaram à abertura do processo de seu impeachment. A principal desvantagem dos democratas é a divisão interna, tanto no partido quanto no eleitorado sobre o perfil de candidato ideal, capaz de derrotar Trump nas urnas.

O interesse súbito dos moradores do Iowa pela primária democrata pode sinalizar uma eventual surpresa no resultado. Em 2008, o Iowa serviu de trampolim para Barack Obama. Em 2016, os delegados locais votaram em Trump, eliminando Hillary Clinton. Como recorda o professor Redlawsk, os eleitores do Iowa têm a tradição de escolher seu candidato tarde, em cima da hora do voto.

As próximas primárias democratas serão realizadas nos estados de New Hampshire (11 fevereiro), Nevada (22 fevereiro), Carolina do Sul (29 fevereiro).

A "Super Terça" será realizada no dia 3 de março, na Califórnia.