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EUA: cidades protegem prédios com tapumes prevendo tumultos após eleições

Homem protegem fachadas da loja Blue Mercury, localizada na 6th avenue, em Nova York; empresas começaram a colocar tapumes em antecipação a possíveis distúrbios relacionados à eleição presidencial - David Dee Delgado/ Getty Images/ AFP
Homem protegem fachadas da loja Blue Mercury, localizada na 6th avenue, em Nova York; empresas começaram a colocar tapumes em antecipação a possíveis distúrbios relacionados à eleição presidencial
Imagem: David Dee Delgado/ Getty Images/ AFP

Da RFI, em Nova York (EUA)

02/11/2020 13h43

Diversas manifestações estão previstas em frente à Casa Branca, em Washington, a partir de amanhã, dia das eleições presidenciais americanas. Diante da ameaça de violentos protestos, lojistas e escritórios da capital, de Nova York e de Los Angeles decidiram instalar tapumes para proteger as vitrines.

Em Nova York, o prédio da famosa rede Macy's foi totalmente protegido. "É melhor ser prudente", explicou a marca, em um comunicado divulgado pela rede de televisão CNN. As lojas abrirão normalmente nesta terça-feira. (Assista ao vídeo abaixo)

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, também anunciou que a cidade se preparava para inúmeras manifestações e "confrontos". Segundo ele, "nenhuma violência será tolerada."

De acordo com historiador Jean-Christian Vinel, pesquisador da universidade Paris-Diderot, que dirigiu a revista científica "Conservadorismo em movimento", existem vários riscos de conflitos. "Há temores de que partidários de Donald Trump venham intimidar os eleitores e até mesmo penetrem nos locais de votação, ainda que isso seja ilegal", diz.

Segundo ele, hoje, nos Estados Unidos, há "ansiedade e desconfiança em relação ao pleito", o que é um sinal de que a democracia no país "não vai bem". Ele cita como exemplo o episódio ocorrido há dois dias em que um ônibus de campanha do democrata Joe Biden foi bloqueado na estrada por eleitores de Trump - o caso ainda está sendo investigado.

Supremacistas brancos: o motos da violência

Os supremacistas brancos vêm sendo considerados como a principal ameaça de eventuais confrontos, de acordo com o FBI. "Podemos imaginar que eles sejam o motor dessa violência no início, mas o fato do resultado da eleição não ser divulgado imediatamente pode aumentar as tensões de forma geral", analisa.

O especialista lembra que muitos americanos votam por correspondência e que vários desses boletins podem chegar para ser contabilizados até nove dias depois das eleições, o que contribuirá para reavivar as tensões.

"Donald Trump incita seu eleitorado a desconfiar de tudo: dos cientistas, democratas ou mídia", diz. "É difícil prever o que vai acontecer nos próximos dias, mas é certo que Trump não busca apaziguar os ânimos e reconciliar a população. Pelo contrário, ele alimentou as tensões e está perdendo, segundo as pesquisas. É do seu interesse 'jogar' com a crise", reitera.

O pesquisador francês lembra que o presidente perdeu a eleição de 2016 no voto popular, mas conquistou a vitória dos grandes eleitores em três estados: Wisconsin, Michigan e Pensilvânia. É nesses estados, diz Vinel, que o risco de tumultos é maior, ligado à contagem de votos.

Washington se prepara para confrontos

Em Washington, os cidadãos se preparam para eventuais tensões. "Tudo leva a crer que haverá confrontos na noite das eleições, independentemente do vencedor", disse o chefe de polícia Peter Newsham, citado pelo jornal The Washington Post.

"Outros conflitos são esperados durante a posse em janeiro", disse. O contingente de policiais nas ruas será reforçado na capital, nesta terça-feira, e a circulação de algumas estradas será interrompida.

Segundo o Washington Post, os lojistas não receberam nenhuma recomendação oficial. "Até agora, não houve nenhuma ameaça que justificassse essa proteção. Mas temos que ser vigilantes e entendemos a postura de alguns lojistas que fizeram essa escolha", disse o secretário encarregado do Desenvolvimento Econômico, John Falcicchio.

Há vários dias, as tensões crescem no país. Em um relatório publicado na quarta-feira, a ONG Crisis Group diz temer "violências inéditas" na história dos Estados Unidos. "As eleições presidenciais de 2020 representam riscos inéditos na história recente do país", ressalta a organização, que diz temer a reação do presidente americano, Donald Trump, em caso de derrota.

"As múltiplas facetas de seu discurso sugerem problemas potenciais em caso de eleições contestadas ou com resultados muito apertados", sublinha a ONG.