Crise dos submarinos: Austrália recusa acusações da França, após Paris disparar mais críticas a aliados
Segue a troca de farpas entre a França, de um lado, e Estados Unidos, Austrália e Reino Unido, do outro, no caso da anulação da compra de submarinos franceses pelos australianos. O imbróglio iniciado na quinta-feira (16), quando Canberra anunciou que preferirá os modelos americanos, em parceria com os britânicos, se intensificou hoje.
Nesta manhã, o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, disse "compreender" a ira dos franceses, mas frisou que seu país tinha "profundas e sérias reservas" em relação aos submarinos franceses. Ele assegurou, ainda, que Paris estava ciente sobre esses questionamentos, recusando a acusação da França de que a Austrália foi "opaca" na sua decisão de cancelar o contrato, firmado em 2016 com o grupo Naval Group, para a compra de 12 submarinos a propensão convencional.
"Não me arrependo da decisão de passar primeiro o interesse nacional da Austrália", afirmou, explicando que os modelos Attack "não respondiam aos interesses estratégicos" do país. "Foi um assunto que eu abordei diretamente há alguns meses e nós continuamos a debater [com a França], inclusive entre os ministros da Defesa e outros", argumentou o premiê.
Duras críticas da França
Na noite de ontem, o ministro da Defesa francês havia feito novas críticas aos aliados, sublinhando que há "uma grave crise" diplomática entre eles. Jean-Yves Le Drian falou que a atitude do presidente americano, Joe Biden, foi "insuportável", denunciou um "jogo duplo, quebra de confiança, desprezo e mentira" por parte dos dois países e ainda disse que o Reino Unido é "conhecido por seu oportunismo permanente".
Na manhã de hoje, a ministra das Relações Exteriores do Reino Unido, que acaba de assumir as funções, defendeu a posição de Londres, em um artigo publicado no jornal Telegraph. Para Liz Truss, o novo acordo "demonstra firmeza na defesa dos nossos interesses" e "o nosso engajamento pela segurança e a estabilidade da região do Indo-Pacífico".
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já havia ressaltado que a nova aliança de segurança, denominada Aukus, é parte de uma estratégia de longo prazo para garantir a segurança na região, onde a China representa uma ameaça crescente para a influência e a liderança dos Estados Unidos na vigilância das rotas marítimas internacionais. O acordo prevê a compra de pelo menos oito submarinos americanos a propensão nuclear pela Austrália. Esta tecnologia viabiliza mais autonomia para os aparelhos, na comparação com os movidos a diesel ou eletricidade.
Com informações da Reuters e AFP
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