Topo

Esse conteúdo é antigo

Europa vive momento mais perigoso desde a Guerra Fria, diz representante europeu

Soldados da Ucrânia - REUTERS/Maksim Levin
Soldados da Ucrânia Imagem: REUTERS/Maksim Levin

Gilvan Marques

Da RFI*

07/02/2022 16h11

Com a crise entre a Rússia e a Ucrânia, o continente enfrenta uma das piores ameaças para a sua segurança desde a Guerra Fria, afirmou nesta segunda-feira (7) o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em Washington. A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa ao lado do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

"Ninguém coloca 140.000 soldados armados na fronteira de um país" sem que isso não represente "uma forte ameaça", declarou Borrell. "Eles não estão lá para tomar uma xícara de chá", disse. "Achamos que uma solução diplomática para essa crise é possível. Esperamos pelo melhor, mas nos preparamos para o pior", resumiu.

Para Blinken, o presidente russo, Vladimir Putin, ainda não tomou sua decisão, "mas se organizou para que, caso decida fazê-lo, possa agir rapidamente contra a Ucrânia, de uma maneira que trará consequências terríveis para o país, a Rússia, e todos nós". Questionado sobre uma possível invasão russa no país vizinho, Blinken negou que haja "alarmismo." Segundo ele, a crise ucraniana "é um fato" e não "alarmismo."

O presidente americano, Joe Biden, enviou soldados americanos à Polônia para proteger os membros da Otan, enquanto os diplomatas trabalham para tentar convencer a Rússia a retirar seus militares da fronteira com a Ucrânia.

Os Estados Unidos deslocaram 3.000 soldados para a Europa, mas reiteram que não os enviaram "para iniciar uma guerra" contra a Rússia na Ucrânia, disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, neste domingo (6).

Os países ocidentais acusam a Rússia de preparar uma invasão da Ucrânia, que desde 2014 enfrenta uma guerra interna dos separatistas pró-russos em seu território. A Ucrânia relativiza o risco de uma ofensiva militar e estima que o Kremlin busca, antes de tudo, desestabilizar a situação no país vizinho.

Macron se reúne com Putin

Em visita a Moscou nesta segunda-feira (7), o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que espera iniciar uma diminuição das tensões entre a Rússia e a Ucrânia, durante um encontro com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, no Kremlin.

Macron afirmou que espera "dar início à elaboração de uma 'resposta coletiva apropriada' para a Rússia e o resto da Europa". O chefe de Estado francês julgou a situação atual "crítica", o que pressupõe uma "extrema responsabilidade."

Citando o diálogo iniciado com a Rússia em 2019, Macron declarou que esse é o único caminho possível para construir uma "verdadeira segurança e estabilidade para o continente europeu", que objetiva "evitar a guerra."

Já Putin estimou que a Rússia e a França tinham "preocupações comuns" sobre a segurança na Europa. Ele elogiou o esforço do governo francês para resolver o problema da segurança no continente ao buscar uma solução para a crise na Ucrânia.

A reunião entre o presidente russo e Macron aconteceu em torno de uma grande mesa branca, para que ambos pudessem manter a distância. Putin tem adotado essa precaução em seus encontros durante a pandemia.

O presidente francês é o primeiro dirigente ocidental a se encontrar com Putin desde o início da crise, em dezembro. Nesta terça-feira (8), Macron viaja à Ucrânia, onde se reunirá, desta vez, com o presidente Volodymyr Zelensky.

Ainda nesta segunda, ao receber a visita da representante alemã, Annalena Baerbock, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, acusou a Rússia de "cavar um fosso entre Kiev e seus aliados ocidentais."

Baerbock declarou que os ocidentais tinham preparado sanções "severas" e "sem precedentes" contra a Rússia, que seriam adotadas em caso de ataque à Ucrânia. "Estamos preparados para pagar um preço econômico, porque a segurança do país está em jogo", declarou.

Alemanha e Reino Unido anunciam reforço militar

A Alemanha e Reino Unido anunciaram, nesta segunda-feira (7), que pretendem reforçar, militarmente, a parte leste da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A ministra alemã da Defesa, Christine Lambrecht, informou que Berlim aumentará seu contingente militar na Lituânia em 350 soldados. "Vamos reforçar nossa contribuição na parte leste da Otan e vamos enviar um sinal claro de determinação para os nossos aliados", disse a ministra, acrescentando que os militares serão mobilizados em "poucos dias".

No domingo (6), o chanceler alemão, Olaf Scholz, já havia advertido que seu país estava pronto para uma mobilização militar adicional para os países bálticos. Berlim dirige as operações da OTAN na Lituânia, onde há 500 soldados alemães estacionados. Já o Reino Unido prometeu enviar mais 350 soldados para a Polônia, declarou seu ministro da Defesa, Ben Wallace.

Para ampliar o contingente de 100 militares britânicos já estacionados no país, serão enviados "mais 350 soldados britânicos para à Polônia, como um desdobramento bilateral, para demonstrar que podemos trabalhar juntos e enviar um forte sinal de que Reino Unido e Polônia se apoiam", afirmou Wallace em uma coletiva de imprensa, em Londres, com seu homólogo polonês, Mariusz Blaszczak.

Na Polônia, cresce a preocupação que uma invasão russa da Ucrânia provoque um êxodo em massa de refugiados para suas fronteiras. As novas tropas britânicas "vão cooperar com as Forças Armadas polonesas no aumento da segurança, especialmente quando se trata das ameaças na fronteira", disse Blaszczak.

*Com informações da agência AFP