Estudo inédito revela que todos os rios do mundo estão contaminados por resíduos de medicamentos
Em artigo publicado nesta semana na revista Pnas, pesquisadores internacionais apresentam um estudo feito em escala mundial sobre a poluição de rios por resíduos de medicamentos. O jornal Le Figaro desta sexta-feira (18) dá destaque a essa pesquisa.
O grupo de cientistas analisou um milhão de amostras colhidas em 258 cursos d'água de 104 países, de todos os continentes. "As coletas foram feitas nas cidades mais populosas do mundo, como Délhi, na Índia, mas também em uma comunidade ianomâmi, na Venezuela, assim como em zonas de conflito, áreas de grande altitude, desertos ou regiões polares", explica Le Figaro. No Brasil, foram coletadas amostras em três pontos: Amazônia, Nordeste e Sudeste.
Os resultados são alarmantes. Nenhum lugar da terra escapa incólume e um quarto das regiões estudadas apresentam níveis de poluição potencialmente perigosos para a biodiversidade aquática ou preocupantes para a resistência aos antibióticos.
"A poluição farmacêutica constitui uma ameaça mundial para a saúde do meio ambiente e humana", constatam os autores do estudo. As concentrações mais elevadas foram observadas na África subsaariana, no sul da Ásia e na América do Sul, acrescenta Le Figaro. O local mais poluído é Lahore, no Paquistão.
As maiores concentrações de medicamentos nos rios foram verificadas em locais próximos de indústrias farmacêuticas ou em rios que recebem águas não tratadas de laboratórios. Os locais menos propensos são regiões pouco habitados, como a Islândia, ou áreas com infraestrutura sofisticada para o tratamento de águas usadas, como na Suíça.
John Wilkinson, da Universidade de York, na Grã-Bretanha, principal autor do estudo, explica que as pesquisas precedentes cobriam menos da metade dos países do mundo, o que dificultava uma comparação global.
Riscos de combinação de poluentes
As concentrações obtidas foram de nanogramas por litro, muito abaixo de doses terapêuticas, observa o professor Yves Lévi, especialista em saúde pública e meio ambiente. O especialista, que não participou do estudo, aponta que, apesar da baixa dose, os peixes ficam expostos de maneira crônica a poluentes e resíduos de medicamentos.
Os riscos para o homem são reais, diz o estudo, mesmo que para se obter uma dose terapêutica, ainda não tóxica, seja necessário beber dois mil litros diretamente de um rio com grandes concentrações de resíduos. O problema, aponta os especialistas, é a combinação de todos os poluentes.
"O risco para a saúde humana acontece quando as bactérias expostas aos resíduos de antibióticos nos rios desenvolvem uma resistência aos medicamentos", explica John Wilkinson.
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