Ataques a Mariupol são 'enorme crime de guerra', afirma chefe da diplomacia europeia
Ao menos seis pessoas morreram em um bombardeio russo a um shopping em Kiev na madrugada de segunda-feira (21), de acordo com agências de notícias. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borell, chamou de "enorme crime de guerra" os ataques a Mariupol. A cidade portuária recusou o ultimato russo para que se renda.
Seis corpos sem vida teriam sido vistos fora do centro comercial Retroville, no noroeste de Kiev. O lugar foi atingido por uma bomba que destruiu automóveis estacionados no lugar e deixou uma cratera aberta de vários metros de largura diante do prédio de 10 andares que pegou fogo.
Toda a parte sul do shopping foi destruída e também um ginásio que ficava no estacionamento, segundo um jornalista da AFP. Bombeiros e militares buscam outras vítimas entre os escombros.
Horas antes do bombardeio, os serviços de emergência informaram que "tiros inimigos" provocaram um incêndio em vários andares do shopping, que fica no distrito de Podilsky. Eles publicaram imagens de uma câmera de segurança mostrando uma enorme explosão seguida de uma série de detonações.
Outras imagens publicadas pelos serviços de resgate mostram os bombeiros tirando dos escombros do prédio um homem coberto de pó.
Residentes de um prédio de apartamentos próximo, cujas janelas foram destruídas na explosão, disseram que viram um lança-mísseis móvel perto do shopping dias antes. A explosão causou tremores em toda a cidade, de acordo com testemunhas.
Kiev foi alvo de vários ataques semana passada, incluindo um no domingo (20) contra um edifício residencial que deixou cinco feridos.
"Crime de guerra"
O chefe da diplomacia da União Europeia Josep Borrell afirmou nesta segunda-feira que o cerco e os ataques à cidade portuária de Mariupol constituem um "enorme crime de guerra".
A Ucrânia recusou segunda-feira um ultimato russo para que se a cidade se renda e exigiu de Moscou que permita a saída de civis.
"Não se pode falar em entregar armas. Já informamos isso à parte russa", disse a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereshchuk ao jornal Ukrainska Pravda. Ela exigiu de Moscou a abertura de corredores humanitários para facilitar a saída de quase 350 mil pessoas presas na cidade. Na noite de domingo (20), o governo russo deu um ultimato para que seus defensores se rendam antes da manhã de segunda-feira.
O Ministério da Defesa russo pediu à Ucrânia que "deponha as armas" e exigiu uma "resposta por escrito" ao seu ultimato antes das 5h desta segunda-feira, em nome da salvaguarda dos habitantes e da infraestrutura da cidade de Mariupol.
"Pedimos às autoridades oficiais em Kiev que sejam razoáveis ??e cancelem as instruções dadas anteriormente, que obrigavam os militantes a se sacrificarem e se tornarem 'mártires de Mariupol'", afirmou em mensagem Mikhail Mizintsev, diretor do Centro Nacional de Defesa russa.
De acordo com Mizintsev, Rússia e Ucrânia concordaram em uma rota para os moradores de Mariupol chegarem ao território controlado por Kiev neste 21 de março.
"Os ocupantes continuam a se comportar como terroristas", respondeu a vice-primeira-ministra ucraniana. "Eles dizem que concordam em estabelecer um corredor humanitário e, de manhã, bombardeiam o local de retirada", afirmou.
Mariupol, um porto estratégico no sudeste do país, foi um dos principais alvos de ataques. A cidade é vista como uma conexão entre as forças russas na península da Crimeia e os territórios sob controle do Kremlin no norte e no leste da Ucrânia.
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